Atualmente, apesar da evolução dos leites de fórmula, continuamos a ter muitos motivos para incentivar o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 4 a 6 meses de vida. Neste intervalo deve iniciar-se a introdução de novos alimentos na dieta, mantendo sempre que possível o leite materno como alimento predominante até aos 6 meses.
O leite materno pode e deve continuar a figurar da alimentação do bebé até mais tarde, e de acordo com a vontade da família.
O leite materno é o alimento natural do o bebé. A sua composição é ideal para satisfazer as suas necessidades.
Se a mãe garantir uma dieta equilibrada, o leite terá todos os nutrientes importantes para o crescimento e desenvolvimento normal do seu filho.
Não tem custos, não envolve cuidados especiais com a higiene, tem a temperatura ótima e está disponível sempre que o bebé deseja. Para além dos nutrientes contém muitos anticorpos e substâncias anti-inflamatórias que diminuem o risco de várias doenças.
Por exemplo, o risco de otite reduz para metade e o risco de gastroenterite reduz de um terço a metade, doenças que tanto levam as famílias aos serviços de urgência.
Também o risco de asma e eczema atópico se reduz em cerca de um terço, enquanto o da obesidade em 10%.
Para além disso, o aleitamento materno promove o vinculo afetivo entre a mãe e o bebé, e o desenvolvimento cognitivo deste, manifestando-se na adolescência e idade adulta uma tendência de superioridade do QI em 2-3 pontos, fatores que se podem relacionar com níveis de educação e remunerações superiores que se demonstrou nesta população.
Também existem benefícios para a mãe. O útero recupera mais rapidamente e há uma maior facilidade em perder o peso adquirido durante a gravidez. O risco de cancro da mama também reduz ligeiramente.
Podem surgir algumas dificuldades no início, mas é possível resolver a maioria das situações com o correto aconselhamento (serviços de saúde, grupos de apoio).
O pai tem também um papel importante, podendo ser determinante no sucesso da amamentação e na sua duração.
Se a amamentação exclusiva não for possível, tente complementar parcialmente com o seu leite. O bebé deve mamar sempre que quiser (em média 10-12 vezes por dia nas primeiras semanas).
Precisamos uma cultura que incentive e apoie a natalidade e o aleitamento materno.
No contexto da nossa cultura cristã, e desta época que se assinala, é interessante e inspirador relembrar a curiosa iconografia que representa as várias etapas da Maternidade de Maria, nomeadamente a imagem da Nossa Senhora do Leite, a quem as mulheres com dificuldade de engravidar ou de amamentação recorriam e ofereciam a sua devoção.