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Emigrantes querem voltar a trabalhar em Portugal

82% dos empregadores confirma que pretende contratar em 2019.
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A Hays, especializada em recrutamento em Portugal, elabora todos os anos um guia de tendências de emprego e salários, que deve ser interpretado como um barómetro do mercado de trabalho, em Portugal. Hoje apresenta o Guia do Mercado Laboral 2019 onde pretende identificar a evolução dos principais desafios e prever as tendências que terão impacto na estrutura e estratégia de milhares de empresas.

Retrato da emigração qualificada

Um dos principais destaques dos resultados dos inquéritos deste ano é o desejo de 78% dos profissionais portugueses que estão a trabalhar no estrangeiro voltarem a trabalhar em Portugal, sendo que 43% deseja fazê-lo já nos próximos 2 anos. A estabilização da economia portuguesa e o consequente efeito positivo no mercado de trabalho português parece estar a contribuir para um abrandamento na fuga de talento para o estrangeiro nos últimos dois anos e o possível retorno de alguns profissionais. De acordo com os resultados deste guia apenas 37% dos profissionais revelam interesse em trabalhar no estrangeiro, valor este que chegou aos 80% em 2013, no período crítico da crise.

Quando questionados sobre se lhes foram reconhecidos no estrangeiro potencial, capacidades ou conhecimentos que não eram valorizados em Portugal, 89% dos profissionais responderam afirmativamente. Quase 49% dos motivos de saída do país recaíram sobre o facto de terem uma melhor oferta noutro país ou de não terem encontrado oportunidades de emprego adequadas ao seu perfil em Portugal.

De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2019 existe a possibilidade dos ex-residentes que queiram voltar para Portugal paguem apenas metade do IRS até 2023, se cumprirem com um conjunto de critérios. A Hays questionou os inquiridos sobre esta nova medida e estes indicaram que esta terá pouco ou nenhum impacto para a maioria dos profissionais. Apontaram sim para outros fatores que teriam mais influência tal como um pacote salarial mais atrativo, motivos familiares, vontade de viver em Portugal e projetos interessantes.

As áreas de Banca e Seguros, Legal e Construção e Imobiliário destacam-se como sendo os setores com mais profissionais dispostos a trabalhar no estrangeiro. Quanto aos destinos escolhidos, Espanha lidera a preferência e apesar da eminência do Brexit, o Reino Unido é a segunda preferência dos profissionais e a terceira a Suíça.

Principais desafios na gestão de talento

Após uma análise aos resultados dos empregadores que participaram no inquérito 2018 foi um ano globalmente positivo para a maioria das empresas. Quando questionados pelos resultados da sua empresa 66% respondeu que estava de acordo com as expectativas, 21% acima das expectativas e 13% abaixo das expectativas. Outros indicadores vêm confirmar esta tendência positiva, tal como 87% dos empregadores efetuaram contratações em 2018, valor que no final de 2017 apontava para os 81%. As expectativas dos empregadores para a economia do país para o próximo ano também são otimistas, tendo em conta que 19% acredita numa melhoria, 16% acredita que irá piorar e os restantes 66% que irá manter-se igual ao de este ano.

Apesar destes resultados uma das análises mais relevantes deste Guia é que 62% dos empregadores considera que as instituições de ensino não preparam os profissionais para o mercado de trabalho. Assim, destacam como as três principais dificuldades do mercado atual: a falta de profissionais qualificados (53%), a desadequação entre a oferta de profissionais e as vagas disponíveis (49%) e a pouca articulação entre o sistema de ensino e as empresas (37%). Isto vem reforçar quando 65% dos inquiridos afirma que em 2018 tiveram que recrutar pessoas pouco adequadas às oportunidades de emprego que tinham em aberto, e 41% desistiram de concluir processos de recrutamento para optar por recursos internos.

Outro desafio que se detetou nos inquéritos foi a discrepância entre os fatores que as empresas achavam que os profissionais davam importância e o ao que é que os profissionais dão efetivamente. Como exemplo, as empresas apontam como ponto forte da sua empresa Prestigio no Mercado (44%) enquanto os profissionais consideram um dos pontos menos relevantes (27%), ou outra boa análise, os profissionais valorizam a oferta salarial (85%) e as empresas consideram ser um dos fatores menos relevantes (28%).

2018 foi um ano de aumentos salariais (74%), aumentos de benefícios (28%) e de promoções (48%), onde 72% afirma que se deveu à performance dos colaboradores, tanto para os motivar como para os reter, visto que os colaboradores são cada vez mais requisitados no mercado de trabalho.

Recrutar num mercado liderado pelo candidato

Por existir esta elevada requisição do mercado onde o candidato está no centro, mencionado acima, desde 2016 que se tem vindo a denotar uma acentuada clivagem entre as intenções de recrutamento das empresas e a disponibilidade dos profissionais para mudar de emprego, sendo as primeiras superiores. Segundo os resultados, 2019 não será um ano diferente pois 82% dos empregadores confirma que pretende contratar – valor mais alto alguma vez verificado pela Hays, e apenas 70% profissionais qualificados têm vontade de aceitar um novo projeto. Ao fazer uma análise regional, os candidatos do Norte são os que estão menos predispostos para uma mudança de emprego em 2019, comparando com as regiões do Centro e do Sul. Quanto aos empregadores a nível nacional, 30% confirma que tem previsto contratar mais de 10 colaboradores e 14% planeia contratar mais de 30 colaboradores. A grande maioria (72%) destes recrutamentos serão consequência direta do crescimento das empresas em território nacional, valor este que tem vindo a aumentar de ano para ano.

Ao analisar estas intenções positivas de recrutamento, as empresas indicam também os perfis mais difíceis de identificar e os mais prioritários para 2019: Comerciais (31%), Engenharia (30%), Tecnologia de Informação (26%), Administração/Suporte (16%) e Marketing e Comunicação (15%), os resultados são bastante unânimes a nível nacional.

Paula Baptista, Managing Director da Hays Portugal acrescenta “A evolução das tendências de recrutamento e a transformação do mercado laboral têm sido cada vez mais desafiantes. As perspetivas de recrutamento ultrapassam o interesse por parte dos profissionais qualificados em sair do trabalho atual, o que poderá trazer alguns desafios na capacidade de atração de talento. Neste sentido, a Hays Portugal elabora o Guia do Mercado Laboral há mais de 15 anos, pois pretende ajudar as empresas e os profissionais a estarem a par das grandes tendências que impactam o mercado e a criar uma estratégia em torno dela.”

Quanto aos profissionais, estes identificam as motivações para saírem do seu trabalho atual e as principais seriam o pacote salarial, as perspetivas de carreias e projetos mais interessantes. Relativamente à sua satisfação com o emprego atual mostram-se maioritariamente satisfeitos com a localização geográfica (82%), qualidade das instalações (79%) e os horários (78%). E em termos de insatisfação apontam para as perspetivas de progressão (68%), prémios de desempenho (65%) e a comunicação interna da empresa (59%).

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