Um dos grandes fenómenos da música contemporânea no Brasil regressa a Portugal. Zeca Pagodinho fará concertos no Coliseu de Lisboa, a 3 de outubro, e no Coliseu do Porto, a 10 de outubro. Nesta digressão, o maior sambista brasileiro comemora o sucesso dos seus 35 anos de carreira.
Ao longo desse período, o artista já vendeu mais de 12 milhões de cópias dos seus álbuns, obteve 8 nomeações e 4 Grammys conquistados, o que faz dele o principal vencedor na categoria de “Melhor Álbum de Samba Pagode”. No repertório dos concertos estarão sambas que fizeram do artista um dos mais respeitados no seu país e fora dele. Entre os sucessos, há músicas eternizadas em bandas sonoras de telenovelas, como “Jura”, de “O cravo e a rosa” (2001) e “Judia de mim”, de “Hipertensão” (1987). Fãs brasileiros e portugueses ainda se poderão divertir com “Coração em desalinho”, “Brincadeira tem hora”, “Casal sem vergonha”, “Verdade”, “ Deixa a vida me levar”, além do mais recente êxito, “Ser humano”.
É a terceira vez que faz concertos em palcos portugueses. Como é a sua relação com o país?
Zeca Pagodinho: Fazer show em Portugal é como se eu estivesse no Rio de Janeiro, em São Paulo. A relação dos portugueses comigo é tão boa e calorosa.
Um dos seus sítios preferidos em Lisboa é o restaurante O Pinóquio (na Praça dos Restauradores). Como é que foi parar lá? E o que mais gosta na casa?
Zeca Pagodinho: O cheiro do chope (imperial) me levou. Como tanta coisa na entrada que não consigo nem almoçar: camarão, lagosta, pica-pau. Tenho grandes amigos lá, o Senhor António, Barbosa, Pedro, Paulo. Eles perguntam “e para o almoço, o que mais?”. E eu já levei muitos amigos brasileiros para lá, como a (cantora) Roberta Sá.
Que outras lembranças tem de Portugal?
Zeca Pagodinho: O meu neto foi para Lisboa quando ele tinha 1 ano. Nós o levamos a uma casa de fado e ele não gritou nem chorou. Ao final do concerto, o garoto bateu palma. Sempre que volto a Lisboa, as pessoas me perguntam pelo miúdo. Estou doido para levar o meu neto para reencontrar os amigos que fez.
Como é a sua relação com o fado? Tem admiração por algum artista português?
Zeca Pagodinho: Já cantei samba com a fadista Susana Félix. E a Carminho cantou com a gente a música “Sonho meu”, que gravamos em homenagem à Dona Ivone Lara. Carminho é maravilhosa!
E fado, já cantou alguma vez?
Zeca Pagodinho: Não tenho essa bagagem, não. Eu deixo os fadistas cantarem.
Antes das apresentações no Brasil e na Europa, você tem algum ritual?
Zeca Pagodinho: Eu rezo para São Jorge.
Já esteve no Castelo de São Jorge, em Lisboa?
Zeca Pagodinho: Duas vezes. Depois tive um problema na coluna e não fui mais. Para chegar tem que subir muita ladeira (Risos). Prefiro ficar n’O Pinóquio. Ou ir de tuk tuk até lá.
Há 13 anos que não atua no Porto. Muitas saudades da cidade?
Zeca Pagodinho: Muita. Só fui lá uma vez. Lembro que almocei numa casa de frutos do mar maravilhosa. Vai ser ótimo voltar a cantar no Coliseu.
Qual é o hino da sua digressão?
Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar”.