por João Pedro Rosa, médico de Medicina Geral e Familiar
As doenças alérgicas são uma das epidemias do seculo XXI, sendo globalmente reconhecidas pela organização mundial de saúde como uma das afeções crónicas mais frequentes nos países desenvolvidos. Cerca de 1/3 a ¼ dos portugueses sofrerá de uma doença alérgica mais ou menos grave ao longo da sua vida, por isso é um tema que importa conhecer e esclarecer.
A alergia é uma reação que se caracteriza por uma resposta inadequada do nosso organismo face a estímulos inócuos do meio ambiente, chamados alergénios, que são bem tolerados pela maioria das pessoas, mas que noutras, o nosso corpo produz umas proteínas especiais, chamados anticorpos que reagem contra estes alergénios.
A resposta alérgica apesar de poder ser aguda, é na sua maior parte uma resposta inflamatória crónica, com diferentes expressões consoante os órgãos afetados, a intensidade e a via de exposição.
Existem vários fatores que podem estar associados ao surgimento destas reações, nomeadamente a genética de cada um, sendo que a agregação familiar é frequente, um meio ambiente que não forneça quantidade suficiente de estímulos que levem à maturação do sistema imunitário, e também varias características dos nossos estilos de vida, como é o caso da poluição, do tabagismo e da obesidade por exemplo.
Podemos considerar vários tipos de alergénios, como são o caso dos ácaros, do pó, dos pólenes, dos pelos ou penas de animais, dos alimentos, dos fármacos ou outros agentes físicos ou químicos.
As doenças alérgicas podem ser respiratórias como a rinite ou asma alérgica, oculares como a conjuntivite alérgica, dermatológicas como o eczema atópico, o eczema de contato e a urticária, alimentares ou medicamentosas. Os sintomas variam consoante o tipo e órgãos afetados, mas vão desde tosse, espirros, nariz a pingar, olhos vermelhos e comichão na pele, até problemas mais graves como o edema da laringe e choque anafilático.
O tratamento correto de qualquer tipo de alergia assenta sempre na correção dos eventuais fatores de risco que tenham sido identificados, em medidas para evitar os alergénios e em medicação anti-inflamatória, anti-histamínica ou vacinas sempre que o seu médico achar necessário.
A medida mais importante para evitar problemas é a prevenção.
Alguns bons hábitos são por exemplo:
– não fumar e evitar estar em sítios com fumo;
– evitar espaços pouco arejados, ensolarados e com poluição;
– usar óculos de sol;
– praticar atividade física;
– fazer uma limpeza geral à casa com regularidade;
– evitar a decoração excessiva no quarto, o uso de carpetes, alcatifas ou plantas;
– se o seu escritório ou habitação tem ar condicionado, então deve ser limpo pelo menos uma vez por mês;
– se passa muito tempo exposto ao ar da rua, lave o seu cabelo diariamente;
– se tem animais domésticos, evite que frequentem os quartos de dormir.