Existiram já fenómenos semelhantes noutras áreas, como na música ou na fotografia, que permitem ter uma ideia, mesmo que limitada, do impacto que a digitalização dos produtos e processos pode ter nas empresas e organizações mais diretamente envolvidas e nos respetivos modelos de negócio, assim como na vida de todos nós – clientes e consumidores.
Importa destacar também a dimensão, abrangência e sobretudo a velocidade da transformação. Pode-se afirmar que a importância das tecnologias digitais na indústria começa a ganhar maior importância e visibilidade com o lançamento da iniciativa europeia Factories of the Future, em 2009, que incluiu um financiamento substancial para desenvolvimentos nessa área, valor esse que tem vindo a ser reforçado deste então. Posteriormente, surge a iniciativa Indústria 4.0, na Alemanha, que espoletou um conjunto de outras iniciativas a nível nacional e regional (atualmente, em mais de 15 países) e a nível europeu, como é o caso da liderada pelo Comissário Oettinger, designada “Digitising European Industry”, (https://ec.europa.eu/digital-agenda/en/digitising-european-industry). Ou seja, em cerca de 5 anos, os investimentos em I&D e Inovação nesta área aumentaram de forma exponencial, o que indicia a chegada ao mercado de novas tecnologias e soluções inovadoras, capazes de potenciar transformações significativas, algumas delas verdadeiramente radicais. Encontram-se ainda iniciativas paralelas noutros países e continentes.
A indústria nacional tem necessariamente de estar atenta a esta evolução, conhecer as novas tecnologias e compreender o seu impacto, para poder tirar partido delas e não ser surpreendida por concorrentes mais atentos ou ágeis.
Mas a indústria nacional tem também de aproveitar esta oportunidade para desenvolver novas tecnologias de produção digitais, nos setores e nichos onde possa construir vantagens competitivas, e não limitar-se apenas a ser cliente (importador) de desenvolvimentos externos. Para isso, é necessário participar ativamente nas iniciativas internacionais mais relevantes (nomeadamente europeias), em particular na definição e implementação de grandes plataformas digitais, o que permitirá depois desenvolver soluções e aplicações vendáveis no mercado global (APPS FOR MANUFACTURING). Convém referir que essa participação tem vindo a aumentar de forma sustentada.
É também preciso cuidar das competências necessárias para esta transformação. A falta de recursos humanos qualificados vai ser, provavelmente, uma das principais barreiras à inovação digital nos próximos anos, a nível mundial. A médio prazo, uma parte relevante dos postos de trabalho associados à indústria transformadora vai mudar de perfil e de localização geográfica!
Portugal tem demonstrado capacidade e competência para desenvolver e industrializar soluções inovadoras de digitalização de processos noutros setores, nomeadamente o sistema da Via Verde ou a Rede Multibanco. Esta é uma excelente oportunidade para gerar sucessos semelhantes na Indústria.
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