O surf começa a ser motivo de atração, bem como o turismo de natureza, de saúde, de aventura, sénior, de lazer e de negócios, entre outros.
Se juntarmos o facto de, segundo o estudo Atlas da Hotelaria 2016, da Deloitte, 47% dos turistas escolherem Portugal como destino por causa do clima e da paisagem – então estamos no caminho certo!
Esta avaliação indica também que os principais impulsionadores que motivam a escolha da viagem são a pesquisa na internet (34%) e as recomendações familiares (31%). Então, não estará Portugal a atrair novas plataformas digitais no negócio e promoção do turismo?
A Airbnb pode ser um desses exemplos. No primeiro relatório que analisa o impacto económico do alojamento local/home sharing em Lisboa e Portugal – apresentado em junho, os números não deixam margem para dúvidas. O relatório demonstra que a comunidade Airbnb é um novo motor económico que está a ajudar a crescer e a diversificar o turismo nacional. Em 2015, em Portugal, à semelhança de Lisboa, a maioria dos anfitriões são mulheres, com uma média de idade entre os 39 e os 42 anos. Na capital, os anfitriões, ao partilharem o seu espaço na Airbnb, obtém um rendimento complementar de cerca de 530€, enquanto a média nacional é de 290€. E 43% dos anfitriões lisboetas usa esse complemento para pagar as contas.
Cerca de 450.000 hóspedes usaram a Airbnb para visitar Lisboa no ano, face a 213.000 hóspedes em 2014. De assinalar que a em 2015, a atividade económica total da comunidade Airbnb na capital foi de 268 milhões de euros, sendo que os hóspedes gastaram 224,9 milhões de euros no comércio local.
Oriundos, na sua maioria, da Europa, os hóspedes viajaram sobretudo em lazer, ficando em Lisboa quatro noites, atribuindo uma avaliação média de 4,6 (em cinco) aos anfitriões de Lisboa.
Apesar de no mês passado a Uber ter registado um revés na sua atividade na Hungria, vendo-se obrigada a sair do país devido a questões legais, em Portugal a empresa norte-americana tem tudo para crescer. O Governo anunciou que irá pedir ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) um documento que reconheça, defina e regulamente a atividade de transporte de passageiros em automóveis ligeiros descaracterizados e de plataformas eletrónicas que oferecem serviços de mobilidade. Um pedido que surge após o Governo ter recebido um parecer do IMT que considerava ilegal a atuação da empresa.
Em território nacional, a Uber opera em Lisboa e no Porto, mas acredita chegar a Faro, Vilamoura e Albufeira já neste verão.
De acordo com a análise feita pelo Fabernovel, grupo de consultoria e formação de cultura digital e empreendedora, o unicórnio californiano é um autêntico “vírus dos transportes” que, com uma valorização de 68 mil milhões de dólares, atrai investidores de risco e está recorrentemente entre os holofotes dos media.
O estudo verificou que, enquanto a economia digital estava focada no mundo online, a Uber abordou um mercado tangível – o setor dos transportes – e conseguiu atingir uma valorização de 50 mil milhões de dólares em cinco anos. Para comparar, o Facebook precisou de sete anos para atingir o mesmo patamar. Além disso, Uber oferece um serviço único que passa por proporcionar experiências marcantes aos utilizadores em todo o mundo. Presente em mais de 470 cidades, tem igualmente a capacidade para se adaptar aos mercados locais. Na Índia, por exemplo, os clientes podem pagar em dinheiro, o que traduz a definição de um modelo de negócio 50% pré-definido e 50% adaptável. E é de assinalar que a atuação da Uber não se limita ao transporte privado de passageiros. A empresa também tem acordos com empresas de logística com ofertas de última hora, pode personalizar a viagem do passageiro através da parceria com o Spotify (com acesso às suas playlists) e poderá tornar-se numa ferramenta poderosa de marketing para as marcas ao realizar viagens subsidiadas que conduzem clientes às lojas.
O grupo Fabernovel aponta ainda cinco fatores de sucesso para o modelo de crescimento da Uber se ter tornado viral. Em primeiro, a Uber teve capacidade para sintetizar o triângulo de incompatibilidade que caracteriza o mercado do táxi, oferecendo um serviço de confiança, a um preço reduzido e, ao mesmo tempo, com uma excelente experiência de utilizador. Em segundo, a sua estratégia passa por “plantar o germe”, ou seja, em cada uma das cidades onde opera, depois de contratar uma equipa coesa e preparada para um lançamento em menos de dois meses, investe para criar oferta e procura em tempo recorde (oferecendo dez dólares a novos passageiros e a passageiros que recomendem o seu serviço). De seguida, torna-se contagiosa. Ao atingir uma massa significativa num determinado mercado, os efeitos de rede começam a surgir, tanto do lado da oferta, como da procura. Paralelamente, também recorre a incentivos financeiros para acelerar a sua expansão, o que explica que 95% dos seus motoristas tenham conhecido a plataforma através de outros motoristas.
Em quarto lugar, a Uber nunca deixou de inovar com rapidez. Dispõe de serviço com carros de gama elevada (UberBlack), modalidades com carros de privados (UberX), de transporte coletivo (UberPOOL) e até de logística (UberEATS) – opções que transformaram a empresa numa infraestrutura de transporte que possibilita três milhões de viagens todos os dias, tornando-se numa verdadeira alternativa à posse de um automóvel.
Por último, e embora a própria Comissão Europeia tenha referido em comunicado, no início de junho, que os novos modelos de negócio baseados na lógica de uma economia de partilha “podem dar um importante contributo para o crescimento e o emprego na União Europeia, se forem incentivados e desenvolvidos de maneira responsável”, a Uber continua a ter que se defender e a convencer a opinião pública e as autoridades.
A análise conclui que, não obstante a existência de novos players e concorrentes no mercado, a viralidade da Uber é vital para o seu sucesso, a par com uma grande capacidade de execução. No entanto, alerta para a possibilidade de a verdadeira ameaça para a Uber poder ser a Google e a Baidu com as suas respetivas redes de carros autónomos.
Independentemente das plataformas usadas para a marcação de uma viagem ou de umas férias, a verdade é que os novos meios digitais são um meio privilegiado para o fazer e têm uma significativa utilização e impacto no turismo nacional, em particular o turismo urbano, com Lisboa e Porto a encabeçar esta lista.
A comprovar esta realidade está o estudo da PWC: Staying Power: European Cities Hotel Forecast for 2016 and 2017. A consultora prevê que no final de 2017 os hotéis em Lisboa e no Porto registem uma ocupação de 76% e 73%, respetivamente. Valores um ponto acima da ocupação esperada até ao final deste ano. Estas taxas de ocupação colocam a capital portuguesa em nono lugar e o Porto no 12º posto no ranking europeu de cidades com maior ocupação – tabela liderada por Londres, Edimburgo e Dublin. Em termos de previsão de RevPAR (receita por quarto disponível), Lisboa e Porto estão no top três das cidades com maior crescimento. Para 2017, Lisboa tem uma previsão de crescimento RevPAR de 6,9 e o Porto de 5,8 – só ultrapassadas por Dublin, com 8,2 de RevPAR previsto.
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