O dispositivo, já com registo provisório de patente, pretende apoiar o diagnóstico da catarata através da deteção precoce e caracterização, indicando a sua localização e extensão no cristalino. Permite, também, classificar o seu grau de severidade e estimar a sua dureza de modo automático. Foi desenvolvido no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Esta nova tecnologia, baseada em ultrassons de alta frequência, usando sondas oftalmológicas, é capaz de “avaliar a progressão da doença, cuja informação é essencial para a decisão clínica”, explica o coordenador do projeto, Jaime dos Santos.
O dispositivo médico a desenvolver, com base neste protótipo, pretende ser uma ferramenta de diagnóstico simples, robusta e de baixo custo, que terá grande impacto nos serviços de saúde, nomeadamente “na gestão clínica dos doentes com catarata. Os clínicos passarão a ter acesso a dados objetivos que contribuirão para um diagnóstico e uma decisão da necessidade de cirurgia mais suportados”, afirma Miguel Caixinha, investigador da equipa.
A tecnologia permitirá minimizar o risco de complicações no pós-operatório porque, apesar de segura, a cirurgia da catarata tem de ser muito precisa. É necessário “substituir o cristalino por uma nova lente intraocular sem danificar a sua cápsula posterior e a córnea, nem causar lesões na retina.”, ilustra Miguel Caixinha. É nesta perspetiva que o conhecimento da dureza da catarata a ser extraída representará uma informação valiosa na seleção adequada da energia a usar na cirurgia de facoemulsificação.
A equipa está agora na fase da realização de ensaios clínicos e procura de parcerias para futura comercialização do dispositivo. Das experiências realizadas in vitro em cristalinos de suíno e in vivo em olhos de rato com diferentes tipos de cataratas, verificou-se uma taxa de sucesso de 99.7% na caraterização automática da catarata e estimação da sua dureza.
Os investigadores do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e do Instituto de Telecomunicações da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) estão bastante otimistas: “se no olho de um ratinho conseguimos contornar os vários obstáculos que surgiram relacionados com a dimensão extremamente pequena do olho, ao passar para os ensaios clínicos o processo será muito mais simples porque a dimensão do olho humano é muito maior”.
A catarata é uma doença ocular associada essencialmente ao envelhecimento e caracteriza-se pelo desenvolvimento de opacidade no cristalino (lente) do olho, podendo provocar a perda de visão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 esta condição afete 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
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