A translação de conhecimento e tecnologia das universidades para as empresas tem um potencial (e real) valor na sociedade.
Neste sentido, um pouco por todo o mundo existem gabinetes, unidades e associações de transferência de conhecimento. Maioritariamente dinamizadas pela Academia, são um polo de atuação significativo, facilitando a parceria entre investigadores e empresários.
Ficam aqui alguns exemplos, sobretudo nacionais, sem esquecer uma importante referência europeia.
ASTP Proton
A Associação europeia de profissionais e gabinetes envolvidos na transferência de conhecimento entre universidades e indústria resulta da fusão de duas anteriores associações europeia: a ASTP, focada na representatividade, formação e profissionalização dos profissionais de valorização do conhecimento; e a Proton Europe, que representava os gabinetes desta área nas entidades de investigação públicas.
Com mais de 800 membros de mais de 40 países, constitui-se como uma plataforma colaborativa para as Redes Nacionais de Transferência de Tecnologia, através da sua Comissão Consultiva de Associações Nacionais, que engloba já 20 redes nacionais Europeias.
Participa em think tanks, estudos e outras atividades consultivas da Comissão Europeia para o desenvolvimento de políticas de inovação e valorização do conhecimento.
Disponibiliza formação, publica guias e manuais de boas práticas, faz um levantamento anual da atividade de valorização do conhecimento na Europa e organiza duas conferências anuais para profissionais.
Ano Fundação
2013
// www.astp-proton.eu
ATTCEI
A Associação de Transferência e Tecnologia e Conhecimento para Empresas e Instituições (ATTCEI) é uma associação fundada por docentes e investigadores da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal.
Constituída por 47 investigadores (bem como outros especialistas) e 12 empresas, a ATTCEI reconhece que um dos maiores obstáculos para a concretização da transferência de conhecimento é a falta de cultura/tradição académica de ligação às empresas. Admite que muitos investigadores não têm hábito de trabalhar com a capacidade e know-how das empresas. A cultura das universidades assenta na visão da investigação apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e na publicação de artigos científicos, porque a avaliação e progressão na carreira dos investigadores depende disso. Por seu turno, verificam que muitos empresários também desconfiam da capacidade da academia responder, em tempo útil, às necessidades de inovação das empresas.
Ano Fundação
2009
// www.attcei.org
Gabinete de Inovação e Desenvolvimento da UBI
O Gabinete de Inovação e Desenvolvimento (GI&D) pertence ao Setor de Apoio a Projetos, designado por GAPPI, e o Setor de Gestão de Programas, designado por GGPP.
O GAPPI enfrenta diversos desafios que comprometem a transferência do conhecimento gerado na UBI para a sociedade. Entre eles: o frágil tecido empresarial existente na região; as dificuldades de comunicação entre a UBI (linguagem científica) e o tecido empresarial (linguagem economicista); a fraca cultura de i&d observada em muitas empresas, entre outros. Mas assume que, nos últimos anos, tem havido mudanças. As empresas estão mais recetivas à inovação gerada nas universidades. E também as universidades, e a UBI em particular, se têm “aberto” cada vez mais à sociedade e percebido que o conhecimento e tecnologias gerados saem valorizados e potenciados quando transferidos para a indústria.
Ano Fundação
2010
Propriedade Industrial
21 marcas
16 patentes de invenção nacional
1 patente de invenção internacional
15 designs
Projetos
11 spin-offs
30 start-ups
58 candidaturas programas financiamento (2015)
// www.ubi.pt
TEC MINHO
Como interface de valorização do conhecimento gerado na Universidade do Minho, a TEC Minho valoriza a investigação realizada na universidade seguindo três vertentes. A validação técnica (com proteção da propriedade intelectual), a validação de mercado (estabelecendo relações próximas com potenciais clientes, utilizadores e parceiros) e a validação do modelo de negócio (desenvolvendo um plano de comercialização).
Garantem que nunca houve tanto interesse, motivação e mecanismos facilitadores como hoje em dia para a translação do conhecimento. Os decisores ao mais alto nível e o cidadão comum entendem que a valorização do conhecimento científico é essencial para uma economia sustentável. Contudo, é um processo demorado e a gestão das expectativas é complexa. Situação que, por vezes, não é tida em conta pelos programas de apoio que exigem resultados comerciais a curto prazo.
Ano Fundação
1990
Propriedade Industrial
270 pedidos de patente
700 tecnologias identificadas e promovidas internacionalmente
Projetos
55 spin-offs
120 start-ups
480 contratos i&d com a indústria
1950 ações de formação (+ de 30 000 formandos)
UATEC
A Unidade de Transferência de Tecnologia da Universidade de Aveiro (UATEC) procura determinar o potencial de proteção, o potencial tecnológico e o potencial comercial das tecnologias e conhecimento gerado na academia.
Na atualidade, o maior desafio da UATEC prende-se com a falta de recursos humanos com implicação direta na alocação de tempo para a área da valorização. Também assiste a algumas reservas por parte das empresas em testar e incorporar novas tecnologias e as expectativas das empresas nem sempre estão alinhadas com a oferta da Universidade.
Além disso, a UATEC tem dinamizado um conjunto de ações de capacitação, como o CEBT – Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, o Labe – Laboratório de Empreendedorismo e o Acelera + que se dirige a projetos empresariais com uma ideia de negócio bem definida que pretendam avançar para o mercado nacional e/ou internacional.
Ano Fundação
2006
Propriedade Industrial
649 pedidos patente (marcas e invenções)
58 tecnologias licenciadas
324 invenções
Projetos
17 spin-offs
+ 50 start-ups
324 invenções (nacionais e internacionais)
798 formandos em ações de capacitação em empreendedorismo
Impacto gerado
40 contratos de licenciamento
540 mil € royalties (últimos 5 anos)
Divisão de Inovação e Transferências do Saber da Universidade de Coimbra
O processo de valorização das tecnologias da Universidade de Coimbra (UC) tem início com a comunicação dos resultados de i&d à equipa da Divisão de Inovação e Transferências do Saber (DITS). A valorização da invenção é articulada pela DITS em colaboração com os inventores, parceiros da UC e investidores, com o intuito de definir orientações estratégicas para a viabilização do projeto e a sua transferência para a indústria.
A DITS lidera o consórcio de parceiros do Arrisca C, o maior concurso de ideias e planos de negócio nacional; cria e implementa o Creative C, um concurso que visa estimular a inovação e as competências empreendedoras do meio académico. Auxilia a organização do Bioempreende, um programa para o desenvolvimento de ideias em Biotecnologia, e coorganiza o ineo Start, um programa de aceleração de negócios escaláveis e facilmente prototipáveis.
Ano Fundação
2003
Propriedade Industrial
156 patentes
Projetos
+ 250 projetos (60 de empreendedorismo e inovação)
Impacto gerado
Projetos em colaboração com empresas: + 2 milhões €
Volume negócio spin-offs: + 75 milhões € (2015)
UPTEC
O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto – UPTEC – promove a criação de empresas de base tecnológica e criativa, apoiando a efetiva transferência de conhecimento e tecnologia entre a universidade e o mercado.
Tem um programa de aceleração de projetos empresariais, a Escola de Startups.
Diariamente, procura atrair empresas internacionais para sediarem os seus centros tecnológicos no UPTEC, como é o caso da Microsoft, Alcatel Lucent, Vodafone; alargar as redes de cooperação internacionais com universidades, investidores, multinacionais (Reino Unido Suécia, Polónia, Brasil); cooperar com parceiros institucionais internacionais (Red Empreendia, BIN – Business Innovation Network) e estabelecer parcerias com entidades mundiais como o caso da Agência Espacial Europeia, que tem no UPTEC uma Incubadora de base tecnológica aí instalada desde 2015.
Ano Fundação
2007
Projetos
+ 370 projetos empresariais
30 empresas pré-incubadas
88 start-ups
18 centros de inovação
31 projetos âncora
Impacto gerado
Impacto no PIB nacional: 31,85 milhões € (2012)
Receita: 6,25 milhões € (2012)
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