As várias revoluções tecnológicas a que assistimos, nomeadamente nos últimos 35 anos, e que tiveram como ponto central o surgimento da Internet, vieram alterar profundamente o mundo do trabalho e das organizações.
A tecnologia móvel tornou-se a base da comunicação do século XXI. Agora é possível comunicar-se em qualquer lugar, a qualquer hora.
Estas novas tecnologias impactam a forma como as pessoas trabalham, como organizam o seu dia a dia, como estabelecem novas amizades e todas as suas relações sociais e profissionais.
Se as inovações tecnológicas foram inicialmente criadas e adotadas para facilitar a vida das pessoas, o passar do tempo veio provar que existem efeitos colaterais que impactam no bem estar, nomeadamente relacionados com aspetos como a sobrecarga de informação, a perda de privacidade, mais tempo de trabalho e a dificuldade em separar o pessoal do profissional.
A digitalização transformou todas as áreas que envolvem uma organização. A comunicação é cada vez mais bidireccional. Criaram-se novas funções e formas de trabalho. E, principalmente, quer as empresas quer as pessoas tiveram de se adaptar. Já não há espaço para Directores de Recursos Humanos, mas cada vez são mais prementes os Directores de Pessoas. Este é um desafio cultural que enfrentam hoje todos os que têm responsabilidade na gestão de pessoas.
Hoje em dia, as organizações procuram encontrar pessoas que consigam acompanhar o progresso tecnológico, reduzindo o gap que existe entre uma nova realidade e algumas forças de bloqueio que ainda limitam as organizações.
As organizações do futuro serão cada vez mais abertas, com as pessoas mais conectadas entre si e com a organização. Com a tecnologia, será mais fácil a criação de espaços de inovação e colaboração. As pessoas passarão a aprender de forma diferente (não só nas empresas, nas escolas também). Cada vez mais, importarão os resultados em detrimento do cumprimento de um horário ou presença no local de trabalho. A monitorização de redes sociais, análise de sociogramas e espaços de influência serão cada vez mais uma realidade na gestão de pessoas. A marca pessoal e o employer branding serão activos a considerar e a trabalhar. O volume de dados e de informação irá converter o Big Data com uma tendência imparável.
Além da capacidade de adaptação às mudanças, as novas gerações são cada vez mais inquietas na busca por novas soluções e novos paradigmas. O trabalhador da era digital revela algumas competências essenciais como sejam a flexibilidade, o empreendedorismo, a criatividade, a informação e a responsabilidade. E não abdica de as poder exercer, sendo este o principal desafio das organizações. Há que criar condições para potenciar essas competências ao serviço de um todo, em saudável coabitação com perfis distintos de gerações com características e expectativas também diferenciadas.
O principal papel dos gestores será serem capazes de conectar o talento no sentido de potenciar a eficiência na era digital.
A palavra-chave é flexibilidade. Na forma como se gerem temas como horários ou locais de trabalho, mas fundamentalmente na forma como endereçamos necessidades e expectativas diferentes.
Sem esquecer nunca, que mais importante do que qualquer tecnologia, são as pessoas. São elas que efetivamente transformam as organizações.
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