por Nuno Silva e Pinto
Natural da Azambuja, formado em publicidade e comunicação, trocou Lisboa por Londres e está a realizar um sonho de vida. Neste momento trabalha a conta global da Mastercard e da Nesquik mas promete que não fica por aqui. Rui Antunes afirma que não vale a pena ficar na dúvida quando se trata de tentar conquistar os seus objetivos. Estivemos à conversa com o jovem de 27 anos que serve de lição para todos os que lutam pelas suas ambições.
Como surgiu a oportunidade de trabalhares a McCann Worldwide?
Mudei-me para Londres em Abril de 2016, quase há um ano. Tinha como primeira missão encontrar uma dupla (art director) para poder procurar trabalho em agências de publicidade. E depois de duas duplas falhadas e alguns meses perdidos nesta busca consegui finalmente formar equipa. Tinha amigos com quem já tinha trabalhado na Ogilvy Portugal: a Inês Fonseca e o Gonçalo Costa, que estavam a trabalhar na McCann Worldwide e disseram-me que a agência estava à procura de gente para reforçar a equipa. Assim que eu e o meu dupla acabamos de fazer o nosso portfólio entramos em contacto com a agência. Fomos chamados para uma entrevista e acabámos por ficar.
Onde estavas a trabalhar, em Portugal?
Em Portugal trabalhei quatro anos na Ogilvy & Mather Lisboa. Foi lá o meu primeiro trabalho no mundo da publicidade e onde aprendi imenso. Consegui fazer imenso trabalho que me ajudou a evoluir e a ganhar alguns prémios. Ao fim dos quatro anos despedi-me para tentar algo que sempre quis, trabalhar numa grande agência em Londres e ter a oportunidade de fazer trabalhos de maior dimensão.
Se tivesses de explicar a uma pessoa que não conhece nada da tua profissão, como o farias?
“Estás a ver aquele anúncio que dá na televisão? Fui eu que tive a ideia.” É possível que depois desta frase seja preciso explicar todo o processo de criação de uma campanha publicitária. Mas acho que serve para começar.
Que conselhos dás a pessoas que estão a pensar seguir uma aventura como a tua?
Que não se esqueça de levar umas “postas de bacalhau” na mala. Agora um pouco mais a sério, o conselho que dou é que tentem, que arrisquem. Se correr mal (o que é sempre uma possibilidade) têm sempre solução: voltar a casa. Acho que é mil vezes pior no futuro ficarmos a pensar “e se” do que ter a certeza que fizemos tudo para conseguir o que sempre quisemos. A dúvida é sempre o pior.
O que achas que falta às empresas portuguesas para “prenderem” criativos como tu?
Honestamente acho que o problema não é das agências portuguesas, é do mercado em si. As agências portuguesas são boas, prova disso é o facto de continuarem a ganhar prémios internacionais com os trabalhos que fazem em Portugal. O problema é do mercado em si. Em Portugal temos cinco ou seis grandes anunciantes que investem em publicidade e têm uma estratégia de comunicação que dá para fazer coisas boas. Tudo o resto são empresas sem grande poder financeiro e que não arriscam nem investem muito em comunicação. Até as marcas globais limitam-se a fazer adaptações para o nosso mercado, e isso é muito pouco estimulante para os criativos. Nós queremos ter a oportunidade de criar, e temos toda a qualidade para o fazer.
Como classificas o nível de criatividade e inovação de Portugal?
Dos melhores do mundo. A cultura do desenrasque que temos no nosso ADN é capaz de ser a justificação para sermos tão bons criativos. Estamos habituados a fazer tanto com tão pouco que quando temos um pouco mais de recursos é normal que consigamos fazer algo extraordinário. Se dermos uma vista de olhos às melhores agências do mundo vamos encontrar lá um português a fazer bom trabalho. O João Coutinho é Diretor Criativo na Grey Nova Iorque, o Hugo Veiga foi convidado para abrir a AKQA em São Paulo, o João Espírito Santo é Executive Creative Director da Oglvy África… e podíamos continuar com muitos mais exemplos.
Quais os planos para futuro?
Os planos são continuar no mundo da publicidade por mais alguns anos tentar fazer bom trabalho e deixar de alguma forma a minha marca neste mundo. No entretanto quero começar a fazer algumas formações em screenwriting para que um dia num futuro mais distante consiga trabalhar na Pixar em São Francisco. Esse é o sonho.
Do que sentes mais saudades?
Como já disse anteriormente a namorada e a família são o que deixam mais saudades. Porém tenho a sorte de ter encontrado aqui em Londres um grupo de portugueses quase todos ligados ao mundo da publicidade, com os quais passo a maior parte do tempo e com os quais sei que posso contar, caso precise de alguma coisa.