por redação
O apoio financeiro foi atribuído pela ECCO – European Crohn’s and Colitis Organisation, uma organização europeia de elevado prestígio e reputação a nível internacional, o que “torna este prémio um motivo de grande orgulho pessoal, mas sobretudo um estímulo para a equipa de investigação que integra o projeto”, diz a investigadora, num comunicado enviado ao Boas Notícias.
Este projeto resulta da colaboração entre o i3S e o serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António (CHP), em particular com a unidade de DII, coordenada pela gastrenterologista Paula Lago.
A Doença Inflamatória Intestinal (DII) engloba a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, doenças crónicas do trato gastrointestinal que resultam de uma resposta inflamatória exacerbada no intestino dos doentes afetados. Trata-se de uma doença altamente debilitante e incapacitante com elevado impacto social e económico.
Doença afeta 2,5 milhões de europeus
A DII afeta cerca de 2,5 milhões de habitantes na Europa, estando a incidência a aumentar em todo o mundo, incluindo em Portugal. Apesar dos recentes avanços nas estratégias terapêuticas disponíveis para o tratamento da DII, uma grande percentagem de doentes não responde ao tratamento convencional e cerca de metade dos doentes não consegue atingir remissão ou controlo sustentado da doença.
As questões relacionadas com os efeitos secundários de alguns medicamentos e a ineficácia da resposta terapêutica que existe, apontam para a necessidade de medicamentos mais eficazes e específicos.
Solução aponta para correção de açúcares
“A nossa investigação tem-se focado na identificação de novos mecanismos moleculares da doença que possam ser alvos específicos de novas terapias. Recentemente, identificámos que doentes com DII apresentavam uma deficiência na composição de açúcares nos linfócitos T intestinais (publicado na revista Human Molecular Genetics 2014) e que essa deficiência promovia uma resposta imunológica exacerbada no intestino. A partir desta evidência temos vindo a desenvolver métodos experimentais que permitam reparar e corrigir a deficiência de açúcares nos linfócitos T e desta forma controlar a resposta inflamatória do intestino”, explica a investigadora do i3S.
Nesta altura, continua Salomé Pinho, “temos evidências experimentais que apontam para o facto de estarmos perto de uma nova formulação terapêutica na DII com resultados promissores no controlo da inflamação intestinal e severidade da doença”. Foi por esta evidência do potencial de transferência do conhecimento para melhoria da qualidade de vida dos doentes que a ECCO distinguiu a investigadora.
A European Crohn´s and Colitis Organization (ECCO) tem como principal missão a melhoria dos cuidados de saúde de doentes com DII, em todos os seus aspetos através de diretrizes (guidelines) internacionais para a prática clinica, educação, investigação e colaboração na área da DII. Reúne mais de 3.000 especialistas em DII e agrega cerca de 36 estados membros do Conselho da Europa promovendo colaborações com outros países além da Europa.