É uma notícia que está a marcar a atualidade científica. Através de uma estimulação com luz é possível fazer com que os neurónios recuperem memórias perdidas. A experiência liderada por Susumu Tonegawa, Nobel da medicina, foi realizada, com sucesso,
É uma notícia que está a marcar a atualidade científica. Através de uma estimulação com luz é possível fazer com que os neurónios recuperem memórias perdidas. A experiência liderada por Susumu Tonegawa, Nobel da medicina, foi realizada, com sucesso, em ratinhos.
A equipa do MIT Center for Neural Circuit Genetics conseguiu resgatar, com sucesso, as memórias de ratinhos com Alzheimer, alterando a estrutura dos neurónios e o comportamento dos animais. Para isso, os investigadores recorreram a uma técnica chamada optogenética que consiste em manipular geneticamente as células através da luz.
A descoberta, publicada na edição de Março da revista Nature, sugere que as memórias dos pacientes de Alzheimer não ficam, na realidade, perdidas, mas sim inacessíveis devido a uma falha nos neurónios 'engram' – as células que registam a memória.
Com base numa pesquisa anterior, em que o mesmo grupo de investigadores recuperou memórias de pessoas com amnésia (que o Boas Notícias divulgou na altura), a equipa de Susumu Tonegawa provou agora que é possível recuperar as dendrites (terminações dos neurónios responsáveis pelas sinapses) das células 'engram' de forma a que voltem a aceder a estas memórias. A reativação foi feita através de uma estimulação com luz de fibra ótica.
Para testar a nova terapia, os investigadores recorreram a um grupo de ratinhos com sintomas de Alzheimer e a um grupo de animais saudáveis. Ambos os grupos foram colocado numa jaula cujo solo emitia pequenos choques. Mas enquanto os ratinhos saudáveis memorizaram a experiência e optaram por não se mexer quando colocados naquela jaula, os outros roedores não retiveram a memória e continuaram a mexer-se como se a jaula não emitisse choques – um comportamento típico de pacientes com Alzheimer.
Durante a experiência na jaula, os investigadores conseguiram sinalizar os neurónios que registaram a experiência do choque. Numa segunda fase da experiência, os ratinhos receberam uma terapia com luz altamente dirigida que reativou esses neurónios. Depois do tratamento, os ratinhos com Alzheimer voltaram a recordar a memória do choque e evitaram mexer-se dentro daquela jaula, de forma a não receberem os choques.
Terapia intensa e muito localizada
No início, a memória perdeu-se ao fim de umas horas mas através de uma repetição intensa daquela técnica, as dendrites dos ratinhos foram restauradas e os animais conseguiram preservar essa memória durante mais de uma semana.
O segredo do sucesso desta terapia, diz Tonegawa num comunicado de imprensa do MIT, consiste “numa manipulação muito localizada e dirigida especificamente ás células ligadas à memória, em vez de uma estimulação neuronal em geral”.