David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), e uma equipa internacional, descobriram que as ondas causadas pelo choque entre enxames de galáxias dão origem ao nascimento de novas estrelas e reativam os buracos negros.
David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), e uma equipa internacional, descobriram que as ondas causadas pelo choque entre enxames de galáxias dão origem ao nascimento de novas estrelas e reativam os buracos negros.
Uma equipa internacional de astrónomos, liderada por David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA2), e Andra Stroe, do Observatório de Leiden, descobriu que os mega tsunamis cósmicos gerados pelo choque de enxames de galáxias têm um impacto tremendo nas galáxias.
Os enxames de galáxias são “cidades” onde milhares de galáxias podem coexistir num espaço relativamente “pequeno”, mas onde as condições são de tal forma extremas que a maioria das galáxias está morta.
Uma imagem do enxame em colisão estudado (CIZA J2242.8+5310), feita com a combinação de dados dos telescópios Subaru e CFHT no Havai. Créditos: Andra Stroe.
Contudo, até a maior cidade de galáxias pode fundir-se com outras cidades: é assim que crescem. Quando isto acontece, formam-se ondas de choque espetaculares, verdadeiros “tsunamis” com milhões de anos-luz de extensão, que se propagam ao longo de todo o enxame e que comprimem o gás.
Até há pouco tempo, sabia-se muito pouco acerca dos efeitos que a fusão de enxames e os tsunamis cósmicos tinham nas galáxias. Mas a equipa de David Sobral demonstrou que “as galáxias nos enxames não são apenas espetadores: a onda de choque cria condições para a formação de novas estrelas e também ativa os buracos negros das galáxias”.
“De uma forma simples, o tsunami cósmico traz as galáxias, que se encontravam numa espécie de coma, de volta à vida!”, resume o astrónomo.
Andra Stroe (Observatório de Leiden) afirma: “Os nossos resultados mostram que a fusão de enxames pode alterar as galáxias de forma dramática, ativando a formação de estrelas. De forma semelhante a uma colher de chá a agitar uma caneca de café, as ondas de choque causam turbulência no gás galáctico dando origem ao seu colapso. Este processo leva à formação de nuvens de gás frias e muito densas que dão origem depois à formação de novas estrelas.”.
Contudo, devido à atividade veloz destes enxames, “estas galáxias irão consumir a maioria do seu combustível e ejetar o que resta dele. Assim, ainda que a fusão de enxames possa ser um estímulo para rejuvenescer as galáxias, em última análise acabam também por ser responsáveis por criar galáxias ainda mais vermelhas e mortas, desde que esperemos tempo suficiente”, diz David Sobral.
“Estamos agora a estudar uma amostra muito maior de enxames de galáxias, de forma a compreender totalmente se o que observámos apenas acontece em condições particulares, ou se é aplicável a qualquer choque de enxames de galáxias”, conclui Stroe.
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