Graças a uma investigação portuguesa, a partir de agora será quase impossível falsificar produtos. Uma equipa da Universidade de Aveiro (UA) criou uma técnica de codificação feita de ADN sintético para combater a falsificação de marcas.
Graças a uma investigação portuguesa, a partir de agora será mais difícil, ou mesmo impossível, falsificar produtos. Uma equipa da Universidade de Aveiro (UA) criou uma técnica de codificação feita de ADN sintético – que pode por exemplo ser embebida nas tintas dos tecidos – para combater a falsificação de marcas.
por Patrícia Maia
O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Estudos Moleculares e Ambientes Marinhos (LEMAM) da UA e os códigos podem ser inseridos em qualquer produto, desde uma obra de arte, a uma peça de roupa ou a um telemóvel.
Ao contrário dos outros métodos usados atualmente para autenticar produtos, estas etiquetas moleculares únicas, de fácil e barata produção, são impossíveis de falsificar.
Moléculas invisíveis
Em declarações ao Boas Notícias, o biólogo Francisco Coelho, um dos investigadores envolvidos na descoberta, explica que este código de ADN, feito de moléculas invisíveis a olho nu, “pode ser líquido ou sólido, conforme o item a que se destina”.
“Por exemplo, no caso da indústria do vestuário, pode ser útil embeber este ADN nas tintas que tingem os tecidos. Desta forma será impossível falsificar o produto, uma vez que a identidade da marca fica embebida no tecido de forma invisível”, salienta.
Estes códigos inovadores, além de serem fáceis de embeber (o que implica poupanças significativas para as marcas) contêm informações várias, podendo incluir referências, datas e outros dados, à semelhança dos códigos de barras.
Equipa vai desenvolver máquina para ler ADN
Apesar da maior parte das matérias ter o seu próprio ADN, Francisco Coelho e Newton Gomes criaram uma chave única que identifica o código criado por si, pelo que “não há hipótese de contaminação ou confusão de dados”.
Para ler a informação registada em cada código de ADN, basta obter uma pequena amostra do produto, por exemplo através de um cotonete, e enviá-la para o laboratório dos investigadores.
Contudo, em breve a equipa vai começar a trabalhar na criação de uma tecnologia que permitirá a verificação da autenticidade no local – seja numa loja, numa feira ou numa fábrica suspeita de falsificar – evitando assim que os clientes tenham de enviar as amostras para o laboratório de Aveiro.
Código não é tóxico e pode ser ingerido
Francisco Coelho afirma que, neste momento, já há um cliente na indústria alimentar a testar o código de ADN que, durante os próximos seis meses, vai ser afinado de forma a ser adaptado àquele produto.
Neste caso, o produtor optou por colocar o código nas embalagens mas uma vez que o código de ADN não é tóxico, poderia mesmo ser embebido diretamente na comida. “Isto é muito útil, por exemplo, para produtos de Denominação de Origem Protegida que são muitas vezes falsificados”, salienta.
O código de ADN, que está a ser promovido pela Unidade de Transferência de Tecnologia da Universidade de Aveiro, já está preparado para entrar no mercado e os mentores desta técnica acreditam que será uma “etiqueta que pode vender de forma escalável”.
Comentários
comentários