Ciência

Pessoas bilíngues têm cérebros mais eficientes

Os benefícios de falar mais de uma língua não são novidade, mas um novo estudo norte-americano acaba de revelar mais um: os bilíngues têm cérebros mais eficientes e são capazes de processar informação com maior eficácia e facilidade.
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Os benefícios de falar mais de uma língua não são novidade, mas um novo estudo norte-americano acaba de revelar mais um: os bilíngues têm cérebros mais eficientes e são capazes de processar informação com maior eficácia e facilidade do que aqueles que conhecem um único idioma. 
 
De acordo com uma investigação conduzida pela Universidade de Northwestern, nos EUA, cujos resultados foram publicados esta quinta-feira na revista científica “Brain and Language”, os benefícios devem-se ao facto de os bilíngues estarem, constantemente, a ativar duas línguas e a escolher qual delas usar e qual ignorar em cada circunstância. 
 
Viorica Marian, principal coordenadora do estudo e professora do departamento de Ciências da Comunicação daquela universidade, explica, em comunicado, que, quando o cérebro é constantemente exercitado desta forma, deixa de precisar de trabalhar tão arduamente quando lhe é exigido que realize determinadas tarefas cognitivas. 
 
“É como se falássemos de um semáforo”, exemplifica Marian. “Os bilíngues estão sempre a atribuir sinal verde a uma língua e sinal vermelho a outra. Quando temos de fazer isso a todo o momento, tornamo-nos muito bons a inibir as palavras de que não precisamos”, explica a cientista, em comunicado.
 
Os investigadores recorreram, pela primeira vez, ao uso de ressonâncias magnéticas funcionais para testar os processos de coativação (o facto de ambas as línguas estarem sempre “ativas” no cérebro mesmo que de forma inconsciente e que não estejam a ser usadas) e de inibição dos idiomas em pessoas bilíngues.
 
Nos mais recentes testes levados a cabo, foi pedido a um grupo de voluntários que desempenhasse diferentes exercícios de compreensão. Ao ouvir uma palavra, foram-lhes mostradas imagens de quatro objetos diferentes.
 
Por exemplo, depois de ouvirem a palavra inglesa “cloud” (“nuvem”, em português), viram quatro imagens, entre elas uma imagem de um palhaço (“clown”, palavra que, em inglês, é semelhante à primeira), sendo-lhes solicitado que reconhecessem a palavra correta que descrevia a imagem que estavam a ver e ignorando a outra. 
 
Segundo Marian, os bilíngues tiveram mais facilidade em filtrar as palavras que não interessavam em cada situação, já que os seus cérebros estão habituados a controlar duas línguas e a inibir palavras irrelevantes. 
 
“[As ressonâncias magnéticas mostraram] que quem só falava uma língua tinha maior ativação na região do controlo da inibição do que os bilíngues, precisando de fazer o cérebro trabalhar mais para completar a tarefa”, esclarece a investigadora. 

Bilíngues estão mais protegidos contra as demências
 

Trabalhos anteriores conduzidos por Viorica Marian já tinham sugerido que os cérebros dos bilíngues são muito úteis no dia-a-dia: por exemplo, as crianças que falam duas línguas são capazes de ignorar, mais facilmente, o ruído de fundo numa sala de aula. 
 
Além disso, a prática constante do controlo de inibição também pode explicar porque razão as pessoas bilíngues aparentam estar mais protegidas contra a doença de Alzheimer e outras demências.
 
“Essa é a parte que mais nos entusiasma. Utilizar uma língua adicional dá ao cérebro uma espécie de exercício incorporado. Não é preciso fazer um 'puzzle' porque já há dois idiomas a apresentar desafios a todo o momento”, finaliza Marian.

Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês). 

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