Desde a sua formação, há sensivelmente 4,6 mil milhões de anos, a Terra é constantemente atingida por objetos provenientes do espaço. Todos os dias, uma quantidade estimada em cerca de 100 toneladas de rocha e poeira colidem com o nosso planeta.
Desde a sua formação, há sensivelmente 4,6 mil milhões de anos, a Terra é constantemente atingida por objetos provenientes do espaço. Todos os dias, uma quantidade estimada em cerca de 100 toneladas de rocha e poeira colidem com o nosso planeta. Contudo, a superfície da Terra está bem protegida destes eventos quotidianos.
por João Retrê – Astrofísico
Devido à fricção aerodinâmica com as camadas exteriores da atmosfera terrestre, todos os objetos do tipo rochoso e dimensão inferior a sensivelmente 40 metros são destruídos, aquecendo e desintegrando-se antes de atingir a superfície.
Embora a maioria do material que atinge a Terra diariamente seja essencialmente poeiras e rochas com dimensões relativamente pequenas, ocasionalmente alguns objetos sobrevivem à entrada na atmosfera e conseguem alcançar o solo parcialmente intactos, ou explodem a apenas alguns quilómetros da superfície. Quando isto ocorre, os efeitos podem ser acentuados deixando marcas impressionantes na superfície terrestre, como por exemplo, crateras de impacto.
Comparando com outros planetas e luas, a Terra não possui muitas crateras. Isto deve-se essencialmente à nossa atmosfera protetora e aos processos geológicos, como a tectónica de placas e erosão, que dão origem a uma renovação da superfície terrestre. Contudo, conhecem-se cerca de 170 crateras de impacto no nosso planeta, e outros eventos deixaram marcas bem específicas na sua superfície.
1- Cratera de Barringer (foto principal)
Esta cratera, com 1.200 metros de diâmetro e 170 de profundidade, é um dos exemplos mais impressionantes e bem conservados tendo sido formada há 50 mil anos pelo impacto de um meteoroide de ferro com cerca de 50 m de diâmetro. Este objeto terá atingido o solo com uma velocidade de 46 mil km/h, libertando uma quantidade de energia equivalente à explosão de cerca de mil bombas de Hiroshima.
2- Tunguska
No dia 30 de junho de 1908 um objeto entrou na atmosfera terrestre com uma velocidade de cerca de 54 mil km/h tendo aparentemente explodido antes de atingir o solo a uma altura de 8 km, na região de Tunguska, Sibéria.A explosão libertou uma energia equivalente à de 500 bombas de Hiroshima, derrubando árvores numa área de 2.000 quilómetros quadrados em torno do local da explosão.
3- Cratera de Wolfe Creek
À semelhança da cratera de Berringer, a cratera de Wolfe Creek, localizada na Austrália, encontra-se muito bem preservada. Com cerca de 880 metros de diâmetro e cerca de 60 de profundidade, estima-se que tenha sido formada há cerca de 300.000 anos pelo impacto de um meteorito.
4- Cratera de Tswaing
Localizada na Africa do Sul, esta cratera de um quilómetro de diâmetro e 100 metros de altura, foi criada pelo impacto de um asteroide há 200 mil anos. É estimado que a energia libertada pelo impacto terá sido equivalente à do evento de Tunguska.
5- Chelyabinsk
Em 15 de Fevereiro de 2013, a explosão de um meteoroide com cerca de 20 metros explodiu a aproximadamente 27 quilómetros da superfície da Terra, perto de Chelyabinsk, na Rússia. A explosão deste objeto, que viajava a 68 400 km/h libertou uma energia equivalente a 25 bombas de Hiroshima. A consequente onda de choque originou cerca de 1.500 feridos e danificou milhares de edifícios.
6- Cratera de Vredefort
Esta é considerada uma das maiores e mais antigas estruturas de impacto visíveis na Terra. Embora a cratera em si tenha desaparecido há muito tempo, devido a fenómenos geológicos, ainda é possível observar parte dos rebordos da cratera. A cratera original, com um diâmetro estimado de 300 km, terá sido criada pelo impacto de um asteroide com 10 km de diâmetro há 2 mil milhões de anos.
7- Cratera de Pingualuit
Localizada no Quebec (Canadá), a cratera de Pingualuit tem cerca de 3.3 quilómetros de diâmetro e uma profundidade de 400 metros. Estima-se que terá sido formada há 1.5 milhões de anos pelo impacto de um pequeno asteroide. Atualmente esta cratera encontra-se preenchida com água, formando um lago com 267 metros de profundidade.
8- Cratera de Chicxulub
Interpretação artística © Don Davis/LiveScience
Muitos cientistas acreditam que esta cratera, com 65 milhões de anos, foi formada pelo asteroide/cometa que causou a extinção dos dinossauros. Localizada na Península do Yucatan, México, estima-se que tenha entre 180 e 300 quilómetros de diâmetro e 10 de profundidade. O impacto deste objeto terá libertado uma energia duas milhões de vezes superior à da bomba mais potente alguma vez criada pelo homem.
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