Investigadores portugueses da Universidade de Coimbra (UC) contribuíram para o desenvolvimento de um sistema avançado de gestão e apoio a pacientes em reabilitação cardíaca.
Investigadores portugueses da Universidade de Coimbra (UC) contribuíram para o desenvolvimento de um sistema avançado de gestão e apoio a pacientes em reabilitação cardíaca criado, em consórcio, por três dezenas de cientistas, oriundos, também, de Espanha, Itália e Croácia.
Consciente de que a doença cardiovascular é a principal causa de morte na Europa e partindo dos benefícios conhecidos da reabilitação cardíaca baseada em exercícios após alta hospitalar, muitas vezes não adotada pelos clínicos por falta de estruturas de resposta, a empresa tecnológica espanhola TSB decidiu reunir parceiros para criar um sistema de gestão e monitorização remota da terapia.
Com recurso a tecnologias já existentes, os investigadores desenvolveram, então, no âmbito do projeto “HeartWays”, financiado em um milhão de euros pela União Europeia, um sistema único que, além de gerir e monitorizar toda a reabilitação remotamente, prevê a evolução do estado de saúde do paciente no curto-prazo, bem como riscos de eventos cardiovasculares sérios com um mês de antecedência.
Um comunicado enviado ao Boas Notícias pela UC revela que a equipa portuguesa foi responsável pelo desenvolvimento dos algoritmos inteligentes de predição personalizada.
“Os algoritmos incorporados no sistema modular são capazes de prever se, no espaço de um mês, o doente corre o risco de ter um evento cardiovascular sério, prever a evolução da pressão arterial e detetar a evolução do peso e do ritmo cardíaco, parâmetros relevantes para a decisão clínica”, esclarecem os portugueses Jorge Henriques e Paulo de Carvalho.
Segundo os docentes do Departamento de Engenharia Informática da UC, esta solução avançada, já testada em doentes e pronta a ser comercializada, “é uma importante e flexível ferramenta de apoio a programas de reabilitação prescritos pelos clínicos para restabelecer a normal função cardíaca”.
“O doente pode realizar a reabilitação em segurança no conforto do seu lar, monitorizada pela equipa de saúde que reage em função da informação transmitida pelo sistema, podendo, por exemplo, ajustar a terapia”, acrescentam os investigadores.
Este projeto de transferência de conhecimento das universidades para a indústria permite, portanto, “recuperar a qualidade de vida do doente após um evento cardíaco, como, por exemplo, um enfarte, e melhorar o prognóstico, evitando assim internamentos hospitalares e os custos associados, quer para o doente, quer para o sistema de saúde”, finalizam.