Um grupo de cientistas norte-americanos descobriu uma nova classe de moléculas presente numa gordura "boa" até agora desconhecida e produzida pelo organismo dos humanos e dos ratos que pode proteger contra a diabetes tipo 2.
Um grupo de cientistas norte-americanos descobriu uma nova classe de moléculas presente numa gordura “boa” até agora desconhecida e produzida pelo organismo dos humanos e dos ratos que pode proteger contra a diabetes tipo 2 e ajudar a combater não apenas esta doença como outros distúrbios metabólicos.
Um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica Cell pelas equipas do Salk Institute e do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), em Boston, revela que a administração deste novo lípido a modelos animais com o equivalente à diabetes tipo 2 é capaz de reduzir os níveis elevados de açúcar no sangue.
Além disso, comprova o estudo, os níveis desta nova gordura – denominada FAHFA (“fatty acid hydroxy fatty acids”, em inglês) – são baixos em humanos que têm um risco alto de vir a desenvolver diabetes ou que estão numa fase inicial da doença, pelo que a mesma poderá ser utilizada como futura terapia.
“Com base na sua biologia, podemos acrescentar as gorduras FAHFA à pequena lista de lípidos benéficos para a saúde” como é o caso, por exemplo, dos ácidos gordos ómega-3, explica Alan Saghatelian, professor do Salk Institute e um dos autores da investigação, em comunicado.
“Estes lípidos são fantásticos porque também conseguem reduzir a inflamação, o que indica que podemos estar perto de descobrir oportunidades terapêuticas para estas moléculas em doenças inflamatórias como a doença de Crohn, a artrite reumatóide e, claro, a diabetes”, acrescenta Saghatelian.
Níveis de FAHFA podem ser marcador precoce para a diabetes
Segundo os investigadores, as gorduras FAHFA ainda não tinham sido encontradas anteriormente em células e tecidos porque a sua baixa concentração as torna difíceis de detetar.
Depois de as identificarem através de uma série de técnicas complexas e de constatarem que era este o único lípido diferente presente nos organismos dos ratinhos saudáveis e dos resistentes à insulina, os cientistas observaram também que, quando os modelos animais ingeriam gorduras FAHFA, os níveis de glicose desciam e os níveis de insulina subiam.
Para determinar se este lípido era igualmente relevante em humanos, as equipas mediram os níveis de FAHFA em pacientes com resistência à insulina (uma condição que, normalmente, antecede a diabetes) e verificaram que estes eram baixos, um fator que pode contribuir para o desenvolvimento da doença.
“Agora que conseguimos detetar os baixos níveis de FAHFA no sangue antes de um indivíduo desenvolver diabetes, estes lípidos podem servir como um marcador precoce para antecipar o problema”, explica Barbara Khan, coautora do estudo.
O próximo objetivo é compreender se “restaurar os níveis de lípidos antes do desenvolvimento da doença pode reduzir o risco de a ter ou até mesmo preveni-la”, finaliza a investigadora.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).