O artista português Vhils foi convidado para decorar um mural no Freeport do Luxemburgo, a primeira zona franca da União Europeia destinada a armazenar obras de arte e artigos de luxo livres de impostos.
O artista português Vhils foi convidado para decorar um mural no Freeport do Luxemburgo, a primeira zona franca da União Europeia destinada a armazenar obras de arte e artigos de luxo livres de impostos.
Trata-se de um mural com 26 por 10 metros e foi esculpido por Vhils, pseudónimo de Alexandre Farto, no átrio central do entreposto aduaneiro inaugurado esta semana e que se propõe ser um depósito de alta segurança para guardar e transacionar “obras de arte, vinhos finos, metais preciosos, joias, diamantes e automóveis de coleção”.
Composto por rostos esculpidos no betão através de técnicas de cofragem, picaretas e martelos pneumáticos, o mural levou três semanas a concluir e decora agora este local que já foi descrito como um 'bunker' e onde “só se entra por convite”, segundo o diretor, David Arendt.
Ao contrário da maior parte dos trabalhos do artista português – que começou a pintar paredes com 'graffiti' aos 13 anos e tem conquistado o mundo a escavar retratos em muros -, o mural que criou no Luxemburgo não vai, portanto, poder ser visto pelo público em geral, visto que o acesso ao edifício do Freeport, de alta segurança, é limitado.
No entanto, os cidadãos comuns vão ter uma oportunidade única de apreciar a obra de Vhils já no próximo dia 28 de Setembro: nessa data, o Museu de Arte Moderna do Luxemburgo (Mudam) organizará, no Freeport, uma visita aberta no âmbito da exposição “Private Art Kirchberg”, a decorrer naquele local.
Em declarações à Lusa, o responsável de comunicação do Mudam explicou que esta será “uma ocasião excecional, porque é uma obra impressionante e vai poder ser vista no local, em vez de ver apenas imagens ou vídeos”.
O Freeport do Luxemburgo é o primeiro entreposto aduaneiro deste género na UE, e surge em resposta ao aumento da procura de arte desde a crise financeira de 2008.
Com uma área de 22 mil metros quadrados, a estrutura, situada a poucos metros do aeroporto do Luxemburgo, tem cofres-fortes para guardar bens de valor, caves com capacidade para 700 mil garrafas de vinho e mesmo garagens para carros de luxo.
Segundo o portal do Freeport, os clientes, que incluem “colecionadores públicos e privados, museus, investidores, galerias e fundos de investimento”, vão poder armazenar os bens “sem limite de tempo”, podendo também transacioná-los no local sem pagar IVA ou taxas alfandegárias enquanto ali estiverem guardados.