Um grupo internacional de cientistas acaba de anunciar a descoberta daquele que se acredita ser o primeiro exemplo de arte rupestre criada por homens de neandartal, o que sugere que estes terão sido mais inteligentes e criativos do que se pensava.
Um grupo internacional de cientistas acaba de anunciar a descoberta daquele que se acredita ser o primeiro exemplo de arte rupestre criada por homens de neandartal – espécie extinta que compartilhava com os humanos modernos perto de 99,7% do ADN -, o que sugere terão sido mais inteligentes e criativos do que se pensava.
O achado, escondido na gruta de Gorham em Gibraltar, é da responsabilidade de uma equipa de especialistas coordenada por Clive Finlayson, investigador e diretor do Museu de Gibraltar, e significa que, à semelhança do homem atual, estes antepassados extintos tinham capacidade de pensar em conceitos abstratos e de os expressar.
“[Este facto] aproxima-nos ainda mais dos neandartais”, afirma Finlayson, citado pela AFP, destacando que o exemplo de arte encontrado “é indício de [que a espécie possuía] elevadas capacidades mentais e cognitivas, equivalentes às dos humanos”.
O arqueólogo, cujo trabalho foi publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a descoberta aconteceu depois de vários anos de escavações e que esta é a primeira parte da camada mais profunda da rocha exposta pelos investigadores, pelo que poderá haver outras gravuras escondidas.
Através do uso de ferramentas encontradas na mesma gruta, situada numa falésia junto ao Mediterrâneo, que terão pertencido aos neandartais, Finlayson e os colegas conseguiram provar que cada um dos sulcos na rocha era consistente, requerendo a realização de movimentos repetitivos na mesma direção com vista à obtenção do resultado final.
“Para produzir um dos sulcos eram necessários cerca de 60 movimentos, todos na mesma direção”, realça o especialista, que acrescenta que o trabalho completo terá exigido cerca de 317 repetições. “Desta forma, demonstra-se imediatamente que não estão em causa marcas casuais. [A gravura] é algo que exigiu esforço”, garante.
Espécie extinguiu-se há cerca de 30.000 anos
Este é apenas mais um estudo cujas conclusões apontam para o facto de os neandartais terem estado mais próximos da nossa espécie do que inicialmente se acreditava.
Uma análise anterior e mais detalhada à gruta, feita por uma outra equipa e dada a conhecer no início do mês, mostrou, também, que estes começaram a caçar e cozinhar pombos selvagens muito antes de os humanos se tornarem consumidores de carne de aves.
Além disso, outros trabalhos sugerem que os neandartais se alimentavam, igualmente, de vegetais, frutos silvestres e frutos secos, que cuidavam dos idosos e que se serviam de utensílios sofisticados feitos de ossos no dia-a-dia.
Constituindo-se como uma “ramificação” enigmática da árvore genealógica da humanidade, os homens de neandartal viveram em várias regiões da Europa, Ásia Central e Médio Oriente durante mais de 300.000 anos, tendo desaparecido da Terra há cerca de 30.000.
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Notícia sugerida por Maria da Luz