Os resultados da investigação foram publicados este mês na revista Nature e provam que este medicamento consegue reduzir de forma significativa os tumores e as metástases, reduzindo também a taxa de reincidência de uma grande variedade de cancros.
A equipa – composta por investigadores da University College London, do Babraham Institute e da Queen Mary University of London (todas instituições do Reino Unido) e de cientistas do laboratório Genentech (EUA) – provou que ao inibir a enzima p110δ, este medicamento (batizado de inibidor Delta) reforça o sistema imunitário ao ponto de o tornar capaz de eliminar os tumores.
Já há algum tempo que a nova droga tem vindo a ser usada no tratamento da leucemia (cancro que afeta o sangue e que tem origem na medula óssea) uma vez que esta enzima está ligada à leucemia. Foi por acaso que os investigadores perceberam que além da leucemia, o medicamento torna o sistema imunitário resistente a outros cancros.
“A enzima p110δestá altamente representada nos glóbulos brancos, ou seja nos leucócitos. Uma vez que a leucemia resulta da transformação de leucócitos em célula cancerígenas, sabíamos que eram um alvo natural para este inibidor. Contudo, acabámos por provar que, além de tratar a leucemia, o inibidor Delta reforça o sistema imunitário em relação a outros cancros”, afirma um dos líderes da equipa, o professor Bart Vanhaesebroeck, que descobriu esta enzima em 1997.
Taxa de sobrevivência 50% superior
O estudo provou, por exemplo, que os ratinhos que tinham sofrido de cancro da mama e que tomaram o medicamento, administrado sob a forma de comprimido, tinham uma taxa de sobrevivência 50 por cento superior à dos ratinhos que não tinham recebido o inibidor Delta.
Além disso, os investigadores verificaram que o inibidor 110δoferece ao sistema imunitário uma espécie de ‘memória’ que o ajuda a combater futuras manifestações cancerígenas, reduzindo significativamente as taxas de reincidências, o que não acontece com outros tratamentos convencionais como a quimioterapia.
Uma das grandes vantagens deste medicamento, segundo um comunicado de imprensa emitido pela equipa, é o facto da substancia já estar a ser usada a nível clínico, pelo que a sua transferência para outras áreas de tratamento oncológico será relativamente simples.
Notícia sugerida por António Resende