um grupo de investigadores norte-americanos anunciou o desenvolvimento de uma técnica que vai permitir melhorar significativamente as experiências musicais dos surdos e de outros indivíduos com problemas severos de audição.
Mesmo com o progresso dos implantes cocleares, aparelhos que ajudam à compreensão do discurso falado, ouvir música continua a ser um desafio para os surdos ou para indivíduos com problemas severos de audição. Agora, porém, um grupo de investigadores norte-americanos anunciou o desenvolvimento de uma técnica que vai permitir melhorar significativamente as suas experiências musicais.
Les Atlas e Jay Rubinstein, investigadores da Universidade de Washington, nos EUA, criaram uma nova solução de processamento de sinais nos implantes cocleares que ajuda os utilizadores a ouvir música com mais qualidade, dando-lhes a possibilidade de percecionar as diferenças entre os instrumentos musicais, uma melhoria importante em relação ao que os dispositivos 'comuns' podem oferecer.
“Atualmente, os implantes cocleares [diferentes dos aparelhos auditivos, que se limitam a aumentar o som em vez de estimular diretamente o nervo auditivo, enviando sinais para o cérebro] desempenham bem as suas funções quando há silêncio e há apenas uma pessoa a falar, mas com música ou quando há salas barulhentas com muitas pessoas torna-se difícil ouvir”, explica Les Atlas, professor de engenharia elétrica, em comunicado.
“Neste momento, estamos perto de solucionar o problema no que respeita à música”, congratula-se o investigador, cuja equipa está também empenhada em encontrar uma solução que permita
melhorar a compreensão do discurso mesmo em ambientes com grande ruído (e que, acreditam os cientistas, poderá ser semelhante à encontrada para melhorar a perceção musical).
Sistema poderá ser integrado em dispositivos já existentes
Para analisar a eficiência da nova técnica, Atlas e Rubinstein conduziram um estudo com oito utilizadores de implantes cocleares – publicado recentemente na revista científica Transactions on Neural Systems and Rehabilitation Engineering – e comprovaram que a estratégia os ajudou a distinguir os instrumentos musicais de forma muito mais precisa.
Os participantes no estudo ouviram canções populares como “Twinkle, Twinkle, Little Star” às quais foram “removidos” os ritmos. Os cientistas constataram que a forma inovadora de processamento de sinal os ajudou no reconhecimento do timbre, embora a capacidade de percecionar a melodia tenha continuado a ser limitada.
Ainda assim, os especialistas mostram-se entusiasmados. “Esta é a primeira vez que se demonstra um aumento na perceção do timbre [distinção entre instrumentos] com recurso a um sistema diferente de processamento de sinal [nos implantes cocleares]”, realça Rubinstein, coautor da investigação.
O próximo passo dos investigadores será aperfeiçoar este sistema de processamento de forma a torná-lo compatível com implantes cocleares já existentes no mercado para permitir aos utilizadores a melhoria imediata da perceção da música.
Além disso, Atlas e Rubinstein estão também a trabalhar em algoritmos que ajudem a incrementar a perceção da intensidade do som e a melodia, aspetos em que as limitações foram mais evidentes.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).