A igreja, construída de forma faseada entre 2008 e 2011, teve como principal objetivo criar uma “referência urbana física, social e comunitária” num bairro novo, que deixou de ser degradado, explicou à Lusa a arquiteta Filipa Roseta.
Esta foi uma forma de mostrar “que já não havia o bairro de lata do Fim do Mundo, mas a Boa-Nova”, acrescentou a arquiteta, sublinhando que, além da torre da igreja, outra das referências da construção é o pátio, “onde acontecem todos os eventos comunitários”, para “criar espaço onde a vida da comunidade tenha presença”.
Em relação ao prémio atribuído, Filipa Roseta considera que estas formas de reconhecimento servem para dar fôlego a uma nova geração de arquitetos, que têm que continuar os caminhos traçados por Álvaro Siza Vieira ou Souto Moura, mas “com custos muito mais controlados”.
No caso da igreja da Boa-Nova, houve um investimento total de 12 milhões de euros – já com o equipamento interior – e os custos tiveram de ser “controladíssimos, a obra não podia derrapar um único euro, porque o dinheiro tinha de ir o máximo possível para a parte social”.
Além da igreja, este projeto de revitalização do antigo bairro do Fim do Mundo inclui ainda um centro comunitário, uma escola básica e um auditório, aglomerando uma série de funções sociais que se complementam à igreja, com o centro comunitário a albergar uma creche, um lar de idosos e um serviço de apoio domiciliário, entre outros programas para a comunidade.
O prémio foi atribuído pela União dos Arquitetos do Mediterrâneo, que nesta terceira edição teve como tema “a arquitetura religiosa para a integração cultural” e vai ser entregue no sábado em Selinunte, na região italiana da Sicília.
O projeto da Igreja da Boa-Nova já tinha sido considerado uma das 500 melhores obras de arquitetura do mundo dos últimos 5 anos no World Atlas of Architecture, editado pela Braun Publishing em 2012, e tinha sido finalista dos prémios do Archdaily Daily, em 2011.
Notícia sugerida por Carla Neves e Elsa Fonseca