O robô Opportunity, da NASA, descobriu, numa das rochas marcianas que analisou, vestígios de minerais de argila formados em água neutra (ou seja, não ácida), um ambiente que terá tornado potencialmente possível o desenvolvimento de vida.
O robô Opportunity, da NASA, descobriu, numa das rochas marcianas que analisou, vestígios de minerais de argila formados em água neutra (ou seja, não ácida), um ambiente que, numa fase muito precoce da existência de Marte, terá tornado potencialmente possível o desenvolvimento de vida.
“O problema dos ambientes ácidos é que, acreditamos nós, tornam muito, muito difícil a existência de química prébiótica, o tipo de química que pode conduzir à origem da vida”, explica Steve Squyres, cientista da Universidade de Cornell, nos EUA, e investigador principal das missões Opportunity e Spirit.
Durante uma conferência que decorreu na passada sexta-feira, Squyres, citado pela Reuters, explicou que “o mais entusiasmante desta descoberta é que a mesma aponta para um pH neutro que terá existido num período muito, muito precoce da história marciana”.
O robô Opportunity, alimentado a energia solar, aterrou em Marte em Janeiro de 2004 para uma missão que, inicialmente, deveria ter durado apenas 90 dias com o objetivo de procurar sinais da existência de água. Tanto este robô como o seu “gémeo”, Spirit, que acabou por sucumbir ao ambiente agressivo do planeta vermelho, descobriram rochas alteradas por água muito ácida.
Embora existam, na Terra, micróbios que adoram ambientes ácidos, os cientistas creem que o desenvolvimento de vida exige condições mais neutras, o que justifica a importância deste achado recente proporcionado pela análise da pequena rocha “Esperance”, encontrada na cratera Endeavour.
Graças a instrumentos que lhe permitem detetar a mineralogia básica das rochas, o Opportunity possibilitou aos cientistas determinar que a “Esperance” contém minerais de argila ricos em alumínio, um sinal de que, em tempos distantes, água com pH neutro já terá corrido sobre aquela rocha.
Análises do Curiosity obtiveram resultados semelhantes
“O que aqui temos é uma química muito diferente. Estamos a falar de água que se pode beber”, congratulou-se o cientista, afirmando que se trata “da mais poderosa evidência de água neutra (não ácida) já descoberta pelo Opportunity”.
De realçar que as primeiras análises do robô Curiosity, que aterrou em Marte no Verão do ano passado, a areia retirada de uma rocha de lamito antiga indicaram também a presença de água neutra e de elementos necessários ao suporte da vida microbiana. Entretanto, os cientistas estão a aguardar pelos resultados de uma segunda análise já efetuada.
Quanto ao Opportunity, encontra-se, neste momento, a percorrer a área a sul da cratera Endeavour com o objetivo de obter mais pistas acerca da transição de Marte de um planeta “quente e molhado” a um mundo “frio, seco e ácido”, aquele que conhecemos atualmente.
A esperança dos cientistas é que o robô chegue ao novo local a explorar até 1 de Agosto, antes do início do Inverno no hemisfério sul marciano.