O movimento Tara Recuperável quer trazer para o nosso país um conceito que já é aplicado em 12 países europeus onde as latas e as garrafas podem ser devolvidas em troca de dinheiro.
O movimento Tara Recuperável, fundado há cerca de um ano pelo português Daniel Gomes, quer trazer para o nosso país um conceito que já é aplicado em mais de 10 países europeus onde as latas e as garrafas de bebidas (de vidro, plástico e metal) têm uma “tara recuperável” que permite aos consumidores devolver estes recipientes em troca de dinheiro.
por Márcia Moço*
Daniel Gomes conta ao Boas Notícias que a ideia do grupo surgiu depois de uma viagem à Alemanha, em 2011, onde conheceu os efeitos desta política de proteção ambiental. “Verifiquei que a maioria das embalagens de bebidas tinha tara recuperável. O resultado é que as ruas estão limpas, sem no entanto serem visíveis equipas de limpeza”, acrescenta.
Se um valor monetário for atribuído às embalagens “estas deixam de ser consideradas lixo e passam a ter valor comercial, potenciando uma poupança” do ambiente mas também uma poupança do lado dos consumidores, dos produtores (que poupam dinheiro na aquisição das embalagens para as suas bebidas) e até das autarquias que poupam na recolha de lixo.
Apesar destas vantagens, Daniel Gomes defende que estas medidas devem ser introduzidas ao nível legislativo, já que esta política “não é rentável para os produtores de garrafas e latas” pelo que dificilmente será implementada, de forma voluntária, pelas empresas.
Na Noruega, na Suécia e noutros países do norte da Europa, onde este sistema começou a ser implementado nos anos 80, o retorno de latas e garrafas já ultrapassa os 90 por cento. Em 2005, na Noruega, foram devolvidas 194 milhões de latas e 49 milhões de garrafas, o equivalente ao retorno de 37.189.320 euros em depósitos.
Garrafas de vidro podem ser reutilizadas 50 vezes
De acordo com o site Zero Waste Europe, que também quer promover as soluções de tara recuperável no espaço europeu, as garrafas de vidro podem ser lavadas e enchidas cerca de 50 vezes e as de plástico cerca de 15 vezes. As garrafas que não puderem ser reutilizadas, podem sempre ser recicladas para dar origem a novos produtos e materiais.
Em Portugal, à exceção de algumas garrafas de cervejas, o custo das embalagens está integralmente incluído no preço final do produto “obrigando os consumidores a perderem o dinheiro que pagaram pelas garrafas”, diz Daniel.
Isto faz com que a maior parte das embalagens de bebidas vá diretamente para o lixo ou para a reciclagem, onde em vez de serem reutilizadas são recicladas, o que traz mais custos.
O membro do movimento “Tara Recuperável” acredita que, com a aplicação desta política ambiental, “as ações de limpeza levadas a cabo pelos cidadãos deixariam de ser exclusivamente baseadas num regime pouco eficaz de voluntariado e ganhariam um novo fôlego como uma atividade económica autossustentável”.
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*Edição de Patrícia Maia