Cientistas norte-americanos desenvolveram uma nova terapia de radiação contra o cancro, capaz de fazer a doença entrar em remissão sem produzir quaisquer dos efeitos desagradáveis da quimioterapia e da radioterapia convencional.http://www.pnas.org/co
Uma equipa de investigadores norte-americanos acaba de anunciar o desenvolvimento de uma nova terapia de radiação contra o cancro, capaz de fazer a doença entrar em remissão sem produzir quaisquer dos efeitos desagradáveis da quimioterapia e da radioterapia convencional. Os ensaios clínicos em humanos deverão ter início assim que os cientistas consigam o financiamento necessário.
“Desde 1930 que os especialistas procuravam tornar bem-sucedido um tratamento contra o cancro conhecido como 'terapia de captura de neutrões pelo boro' (BNCT)”, explica, em comunicado, Frederick Hawthorne, o coordenador desta investigação.
Agora, a equipa da Universidade de Missouri, nos EUA, conseguiu “finalmente encontrar uma forma de fazer a terapia BNCT funcionar aproveitando a biologia das células cancerígenas e tirando vantagem da mesma com recurso à nanoquímica”, revela Hawthorne.
De acordo com os investigadores, as células cancerígenas crescem mais rapidamente do que as células normais e, durante o processo, absorvem mais materiais do que as células normais. A equipa de Hawthorne “aproveitou-se” disso, fazendo com que as células doentes absorvessem boro [um elemento químico com funções biológicas], modificado pela equipa.
Quando estas células foram, depois, expostas a neutrões, os átomos de boro quebraram-se e destruíram as células cancerígenas, poupando as restantes. Tal foi possível graças às caraterísticas do boro, que, em contacto com neutrões, liberta lítio, hélio e energia, penetrando nas células doentes e destruindo-as de dentro para fora sem causar danos nas células saudáveis.
“Uma grande variedade de cancros pode ser atacada com a nossa técnica BNCT”, garante Hawthorne, que acrescenta que “a técnica funcionou perfeitamente em ratinhos”.
“Estamos prontos para avançar para ensaios clínicos em animais maiores e, depois, em pessoas. Porém, antes de começarmos a tratar humanos, precisamos de construir o equipamento e as instalações necessárias. Quando tal acontecer, a Universidade do Missouri terá a primeira radioterapia deste género em todo o mundo”, antecipa o investigador.
O estudo a que esta investigação deu origem foi recentemente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).
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