Um cão não é de ferro: são poucos os caninos que resistem a um pedaço de comida suculenta que os donos deixem desprotegida em cima da mesa. Um estudo britânico vem agora explicar que o melhor amigo do homem sabe muito bem quando pode arriscar e meter o dente onde não deve.
Os investigadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, acabam de provar que um cão tem quatro vezes mais probabilidades de roubar “comida humana” quando percebe que as pessoas não o estão a ver.
A equipa estudou o comportamento de 42 cães fêmeas e 42 machos com mais de um ano de idade para compreender como agiam em situações em que lhes foi negado o alimento e em que tiveram a oportunidade de o roubar quando ninguém estava a ver.
Os cães foram colocados em situações semelhantes àquelas que encontram no seu lar e, de seguida, deixados sozinhos em divisões com luz apagada e em divisões de luz acesa para que tivessem a oportunidade roubar a comida proibida.
Em todos os testes, os animais foram proibidos por um humano de tocar na comida. No entanto, quando a sala estava escura, os cães arriscaram mais, roubando mais comida num espaço de tempo mais curto.
Cães percebem e avaliam a perspetiva humana
Os testes constataram que os animais basearam as suas decisões em simples regras de associação, como por exemplo, “escuro significa comida”. “Os resultados sugerem que os cães decidem que é seguro roubar comida quando a sala está às escuras” porque sentem que nessas condições os humanos não os podem ver, explica Juliane Kaminski.
A psicóloga da universidade britânica acredita que os resultados do estudo são “incríveis porque implicam que os cães perceberam que o humano não os conseguia ver, significando que poderão conseguir avaliar a perspetiva humana”.
Publicada no jornal Animal Cognition, esta é a primeira investigação sobre as capacidades dos cães para identificar oportunidades e desenvolver estratégias para roubar alimentos.
A psicóloga refere num comunicado da universidade britânica que “estes resultados podem mostrar que certas pessoas estão certas” quando referem que os seus animais as entendem. A psicóloga admite, no entanto, que “ainda é necessário investigar mais para identificar os mecanismos de controlo do comportamento canino”.
Polícias e outros profissionais que se relacionam com cães nos seus empregos poderão beneficiar com esta investigação. Também invisuais e outras pessoas dependentes destes animais podem agora compreender melhor o seu comportamento.
Outros estudos revelam que a comunicação visual com humanos é muito importante na tomada de decisão de um cão. A investigação revela que os animais tendem a responder mais facilmente a pessoas atentas e a ignorar aquelas que são naturalmente distraídas.
Clique AQUI para aceder ao comunicado da universidade (em inglês).