E se lhe dissessem que se trabalhar menos poderá ajudar a salvar o planeta? É o que defende uma nova investigação norte-americana que concluiu um menor horário de trabalho permitiria reduzir significativamente as emissões de dióxido de carbono.
E se lhe dissessem que se trabalhar menos poderá ajudar a salvar o planeta? É o que defende uma nova investigação norte-americana que concluiu que seria possível obter reduções significativas nas emissões de dióxido de carbono para a atmosfera (e consequentemente cortar no aquecimento global) através de uma diminuição do horário de trabalho.
De acordo com o estudo “Reduced Work Hours as a Means of Slowing Climate Change”, desenvolvido por David Rosnick, do Center for Economic and Policy Research (CEPR) nos EUA, se os americanos começassem a trabalhar 0,5% menos horas por ano – começando com uma redução de 10 horas em 2013 – seria possível reduzir a temperatura do planeta em mais de 1,3ºC até 2100.
“A relação entre [menos horas de trabalho e emissões mais baixas] é complexa e não é entendida claramente, mas é fácil de compreender que diminuir os níveis de consumo energético, mantendo todos os outros factores constantes, reduziria os níveis de emissões de gases com efeito de estufa”, declara o economista.
Esta redução, esclarece, poderia ser atribuída a menos horas de atividade nas fábricas e noutros locais de trabalho onde são consumidas elevadas quantidades de energia.
“À medida que a produtividade aumenta, especialmente em países de alto rendimento, a sociedade deve poder escolher entre beneficiar destes ganhos sob a forma de menos horas de trabalho”, explica Rosnick, um defensor do 'modelo europeu' que, ao longo dos anos, “tem vindo a reduzir os horários e a dar aos trabalhadores mais férias ou a deixá-los sair mais cedo, ao contrário dos EUA”.
Produtividade pode manter-se mesmo com menos horas
Em comunicado, o autor da investigação assegura que “o cálculo é simples: menos horas de trabalho significam menos emissões de dióxido de carbono, o que significa menos aquecimento global”. Segundo Rosnick, é, além disso, “possível fazer a mesma quantidade de trabalho em menos horas com o aumento da produtividade e a melhoria tecnológica”.
O especialista afirma que a redução do horário de trabalho “é algo que tem de ser decidido por todo um país”, mas sublinha que “há modelos económicos em que os indivíduos escolhem quantas horas trabalham [através de horários flexíveis] e são tão produtivos como se o horário fosse estipulado” pelos empregadores.
A propósito deste estudo, Mark Weisbrot, codiretor do CEPR, defende também que “o aumento da produtividade não tem de alimentar as emissões de carbono e as alterações climáticas”.
“O aumento da produtividade deverá, em vez disso, dar aos trabalhadores mais tempo para passar com as famílias, amigos e comunidade [por meio da redução do horário]. Isso é positivo para a sociedade e significativamente melhor para o planeta”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao estudo completo (em inglês).
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]