O Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T) da Universidade do Minho (UMinho) criou uma tecnologia baseada em nanopartículas funcionais que concede à roupa propriedades repelentes e antimicrobianas para evitar doenças como a dengue.
O Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T) da Universidade do Minho (UMinho) criou uma tecnologia baseada em nanopartículas funcionais capaz de repelir doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue, e doenças provocadas por bactérias, que pode ser adicionada na lavagem da roupa, concedendo-lhe propriedades antimicrobianas e repelentes.
Na prática, explica um comunicado da UMinho enviado ao Boas Notícias, o próprio consumidor vai poder juntar estas nanopartículas funcionais de sílica na máquina durante a lavagem das peças e, assim, torná-las mais seguras, duráveis (entre 50 a 100 lavagens) e ecológicas.
“Incorporámos em nanopartículas de sílica produtos ativos, como microbianos e repelentes de mosquito, que se fixam ou são libertados de forma controlada em têxteis. Esses produtos ativos podem ser aplicados pela indústria no acabamento de tecidos ou malhas e, também, pelo próprio cidadão em peças já confecionadas”, explica Jaime Rocha Gomes, coordenador da investigação.
De acordo com o professor catedrático da Escola de Engenharia da UMinho, “isto permite grande flexibilidade na utilização do produto. (…) Em casa, o cidadão comum poderá reforçar, na sua t-shirt, a presença das nanopartículas, para evitar o desgaste do seu efeito ativo e assim manter-se em segurança”.
Investigação tem atraído atenções internacionais
O projeto do grupo de Jaime Rocha Gomes teve início em 2007 e vem na sequência do desenvolvimento de uma tecnologia de incorporação de produtos ativos (como antimicrobianos, aloe-vera e, recentemente, o antimosquito) em nanopartículas de sílica.
A nova variante da tecnologia previne, em particular, os ataques de mosquitos “anopheles”, que transmitem a malária e matam mais de um milhão de pessoas por ano. A equipa do 2C2T tem realizado testes de repelência com sucesso no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa.
O próximo passo será o avanço para testes de campo, de maneira a poder comprovar em ambiente real a mesma eficácia da tecnologia, sendo que está também a ser melhorada em laboratório a resistência e eficácia às lavagens.
A originalidade e a eficácia da investigação portuguesa têm acolhido muito interesse em regiões tropicais, fortemente afetadas por doenças como a malária e a dengue, e entre a comunidade cientifica internacional, tendo já o trabalho da equipa sido destacado em conferências conceituadas nos EUA, Índia, China e Espanha.
O projeto, que contou com fundos comunitários do Vale I&DT para o desenvolvimento do conceito na spin-off minhota Ecoticket, já foi alvo de teses de pós-graduação na UMinho e na Universidade da Beira Interior.
No futuro, os investigadores admitem incorporar nas nanopartículas de sílica aplicadas nos têxteis outros produtos ativos, como vitaminas, enzimas e proteções contra mais doenças.