O som é idêntico ao das gaitas-de-foles tradicionais, recriando todas as possibilidades técnicas, mas o seu funcionamento é exclusivamente digital, podendo funcionar ligada a auscultadores – o que representa uma enorme mais-valia na fase dos ensaios. A TRINO, a gaita-de-foles eletrónica mais pequena e mais avançada do mundo, já está pronta para entrar no mercado.
por Patrícia Maia
Foi há cerca de 10 anos que o engenheiro eletrónico Jorge Santos, de 36 anos, começou a tocar gaita-de-foles. Mas desde o início deparou-se com o problema do ruído nos ensaios. “Como acontece com muitos instrumentos acústicos, sentia-me limitado a ensaiar porque, sobretudo a determinadas horas, não podia fazer barulho. E comecei logo a pensar numa forma de contornar o problema”, explica ao Boas Notícias.
Ao longo dos anos, e no decurso da sua formação em engenharia eletrónica, Jorge foi apurando e testando soluções para tocar o instrumento de forma silenciosa. Mas foi só em 2009, quando lançou, em conjunto com o seu sócio Hernani Bastos, a empresa de soluções de engenharia eletrónica, a JHC, no âmbito da Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, que a ideia de lançar uma gaita-de-foles digital começou a ganhar forma.
Após três anos a trabalhar exclusivamente na área de serviços e criação de equipamentos para terceiros, a JHC decidiu avançar para a produção própria, criando a linha TRINO. O primeiro produto da coleção, fruto de vários anos de investigação, é a gaita-de-foles eletrónica. Este instrumento tem um corpo semelhante ao de uma flauta de plástico. No seu interior está um sistema eletrónico onde se encontram as coleções de sons que são acionados de forma digital.
Jorge Santos explica que a gaita-de-foles eletrónica da TRINO, fornecida com uma memória de 32 megabits, vem com várias configurações predefinidas – de gaita galega, gaita asturiana e gaita portuguesa transmontana – e inclui alguns sons avulso, como o da gaita escocesa e irlandesa, entre outras. No entanto, as pessoas também podem costumizar a memória e criar novas configurações. Em breve, o instrumento será equipado com novas coleções.
O protótipo já foi testado e certificado e, agora, a empresa procura financiadores para avançar para a fase de produção e comercialização. Até lá, serão distribuídos alguns modelos a clientes chave a fim de garantir a aceitação do produto e implementar eventuais melhorias. Em termos de custos, o instrumento será vendido no mercado entre os 250 e os 300 euros. “É um valor acessível, tendo em conta outras soluções digitais mais complexas que existem no mercado”, salienta Jorge Santos.
“Um dos 'upgrades' que estamos a desenvolver passa pela criação de variados acessórios, como um adaptador que possibilita ligar o Trino a um fole de uma gaita-de-foles para simular a técnica de sopro e respiração, que neste instrumento é fundamental”, explica ao Boas Notícias.
Além da gaita-de-foles eletrónica, a JHC vai também lançar, em breve, uma pedaleira para guitarras que faz “a gestão de pedais de efeitos e que já está a ser usada pela banda Dazkarieh”. Outra ideia que está a ser desenvolvida pelos dois sócios assenta num conceito inédito de criar “uma sala de aula de música sem som”.
Mas o objetivo, segundo Jorge Santos, é ir ampliando a coleção TRINO sempre no sentido de criar novas soluções eletrónicas ou digitais para instrumentos acústicos (sobretudo de sopro) que, graças ao conhecimento especializado da JHC, prometem revolucionar esta área de mercado.
Clique AQUI para visitar o site da JHC (a secção TRINO será atualizada em breve).