Já era considerada a coisa mais "brilhante" descoberta até hoje na Natureza, mas só agora os cientistas compreenderam de que forma a Pollia condensata, um fruto seco abundante em África, adquire a sua tonalidade azulada por interação com a luz solar.
Já era considerada a “coisa” mais brilhante descoberta até hoje na Natureza e agora os cientistas compreenderam porquê. A Pollia condensata, um fruto seco abundante em alguns países africanos, adquire a sua tonalidade azulada graças à cor estrutural, um método de reflexão e interferência da luz sobre o material, e não por pigmentos, como é comum.
A conclusão é de uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e foi obtida a partir de um estudo publicado esta semana na prestigiada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Em comunicado, os cientistas explicam que a maioria das cores que existem à nossa volta resultam de pigmentos, mas há exceções. É o caso dos pavões, dos besouros e deste fruto seco que usam, todos eles, o método da cor estrutural.
De acordo com os investigadores, a celulose presente na Pollia condensata forma nela uma estrutura assimétrica capaz de interagir com a luz e refletir exclusivamente uma cor. Graças à sua estrutura única, o fruto reflete predominantemente um tom azul e, embora tenha pouco valor nutricional, atrai os pássaros que a usam para decorar o ninho e impressionar os parceiros.
“Esta pequena planta consegue emitir um sinal irresistível, brilhante e multicolorido às aves que por aqui passam, sem perder as suas reservas fotossintéticas” afirma Beverley Glover, um dos coordenadores da investigação.
Desta forma, explica o membro do departamento de Ciências das Plantas da Universidade de Cambridge, estas plantas conseguem fazer com que as suas sementes se dispersem pelo território, assegurando que continuam a existir. “A evolução é muito inteligente”, salienta.
Além disso, o método usado pelo fruto para a criação da cor faz com que esta nunca desapareça. Os investigadores encontraram mesmo exemplares conservados em coleções datadas do século XIX que mantinham exatamente o mesmo brilho e a mesma cor das encontradas nos dias de hoje.
Descoberta poderá ter aplicações práticas
Silvia Vignolini, a outra autora principal do estudo, sublinha que a compreensão do método utilizado por este fruto poderá ter aplicações práticas para a sociedade. “Inspirando-nos na Natureza, podemos obter materiais multifuncionais e inteligentes usando opções sustentáveis e componentes baratos e abundantes como a celulose”, explica.
O “uso da celulose [elemento presente na Pollia condensata] para criar materiais coloridos pode vir a ter diversas finalidades industriais, como a produção de tintas e corantes alimentares”, antevê.
Clique AQUI para aceder ao artigo publicado na PNAS (em inglês).