Os cientistas envolvidos na investigação verificaram que o fármaco G202 composto pela planta atua como uma “granada molecular” ao destruir tanto as células cancerígenas como o sangue que lhe está associado, sem interferir com os tecidos e as células saudáveis do organismo.
As experiências laboratoriais incluíram a administração do G202, durante três dias, em ratos nos quais tinham sido cultivados tumores humanos de próstata. Após um período de análise de 30 dias, verificou-se que os tumores reduziram em 50%, resultados que superam o medicamento quimioterápico utilizado atualmente contra este e outros tipos de cancro.
O G202 deriva da Thapsia Garganica, uma erva daninha originária do Mediterrâneo. Esta planta produz uma substância particular, a tapsigargina, conhecida como tóxica aos animais desde a época da Grécia antiga. Chamada ‘a cenoura mortífera’, os investigadores explicaram que “a erva sempre foi associada à morte dos animais que a ingerissem”.
Denmeade Samuel, autor do estudo, salientou que o objetivo do estudo era “tentar reestruturar a substância tóxica transformando-a numa droga que pode ser usada para matar o cancro humano”. Através das investigações, foi possível ‘desmontar’ as células para libertar a droga ativa. A tapsigargina foi modificada quimicamente, o que conduziu à criação de um fármaco injetável não venenoso.
“O interessante é que o cancro ativa a sua própria morte”, sublinhou John Isaacs, um dos cientistas envolvidos na investigação. Quando o G202 encontra os tumores, estes libertam uma proteína que ativa os agentes do fármaco capazes de matar as células cancerígenas e os vasos sanguíneos que o alimentam.
Numa primeira fase dos ensaios clínicos, realizada em parceria com duas universidades norte-americanas, já foi avaliada a segurança do fármaco em 29 pacientes cujo estado da doença fosse avançado. A segunda fase, que pretende testar o medicamento em doentes com cancro da próstata e do fígado, já se encontra planeada.
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