O protesto das mulheres nos telhados de Teerão, as cores intensas da vida selvagem, a violência da guerra no Iraque, são alguns dos temas retratados na 53ª edição do World Press Photo. A exposição - com 179 fotografias selecionadas entre um total de
[Photo: World Press Photo] O protesto das mulheres nos telhados de Teerão, as cores intensas da vida selvagem, a violência da guerra no Iraque, são alguns dos temas retratados na 53ª edição do World Press Photo. A exposição – com 179 fotografias selecionadas entre um total de 300 premiadas no concurso anual – abriu portas esta sexta-feira no Museu da Eletricidade, em Lisboa, acolhida pela Fundação EDP pelo quarto ano consecutivo.
Numa visita guiada, Jurre Janssen, comissário da exposição, revelou à agência Lusa que para esta edição – com imagens captadas em 2009 – concorreram um total de 5847 fotógrafos com mais cem mil fotografias que o júri teve que avaliar, premiando 300 captadas por 62 fotógrafos de 22 nacionalidades.
São números que bateram mais uma vez recordes, observou o responsável, tal como o interesse do público, porque na edição anterior foram 2,5 milhões os visitantes a nível mundial, mais 500 mil do que na exposição de 2008.
A imagem vencedora foi captada pelo italiano Pietro Masturzo, e já correu o mundo: mulheres subiram aos telhados das casas de Teerão e gritam o seu desespero, na sequência das eleições que deram vitória a Mahmoud Ahmadinejad, mas que provocaram fortes protestos nas ruas.
Pietro Masturzo “tinha estado nas ruas a fazer a cobertura dos protestos e dos confrontos com a polícia, mas acabou por preso porque era proibido filmar ou fotografar. Quando estava no hotel foi surpreendido com os gritos de mulheres nos telhados e começou a fotografar”, contou o comissário.
O fotógrafo italiano acabou por descobrir que esta é uma forma tradicional de protesto, e que já tinha sido usada durante a Revolução Islâmica, em 1979. Foram imagens “muito fortes e interessantes” de um “protesto silencioso” na perspetiva da imagem que despertou a atenção do júri pelo seu caráter “quase poético”, justificou Jurre Janssen.
As fotografias premiadas, oriundas de dezenas de países, refletem na sua maioria uma realidade violenta: desde imagens dos ataques suicidas no Iraque, um soldado americano gravemente ferido na guerra a abraçar a mãe, o impacto do tráfico de droga e da prostituição na Guiné-Bissau, um jovem britânico de 14 anos vítima de anorexia, com apenas 30 quilos.
Só a beleza da natureza e da vida selvagem, com imagens de albatrozes na Antártida, captadas por Paul Nicklen (Canadá), de ação desportiva, como jogos de cricket no Reino Unido (Gareth Copley, britânico) ou alguns retratos da vida quotidiana, como uma família a fazer um piquenique na praia, em Maputo (Joan Bardeletti/França), aligeiram a carga dramática da maioria das imagens.
As categorias a concurso foram: Notícias e Documentários, Desporto, Retrato, Natureza, Quotidiano, Arte e Entretenimento.
A exposição vai estar patente no Museu da Electricidade até 23 de maio, seguindo depois para a Maia (Porto), Portimão (Algarve) e Funchal (Madeira).