Ciência

Descobertos planetas com órbita inversa

Ao contrário do que os cientistas acreditavam até agora, nem todos os planetas giram na mesma direção da estrela hospedeira, como acontece no nosso sistema solar. Uma equipa do Observatório Europeu do Sul (ESO) confirmou a existência de seis exoplane
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Ao contrário do que os cientistas acreditavam até agora, nem todos os planetas giram na mesma direção da estrela hospedeira, como acontece no nosso sistema solar. Uma equipa do Observatório Europeu do Sul (ESO) confirmou a existência de seis exoplanetas – dois deles recém descobertos – com uma rotação retrógrada.

A descoberta dos seis exoplanetas retrógrados foi publicada esta semana no portal do ESO e anunciada no Encontro Nacional de Astronomia do Reino unido (RAS National Astronomy Meeting, NAM2010).

A descoberta deu-se quando os astrónomos do ESO compararam os dados dos nove exoplanetas recém descobertos com dados de outros planetas extra solares descobertos há mais tempo. Ao cruzar informação de 27 exoplanetas, os cientistas descobriram que seis deles – entre eles dois dos novos planetas – têm uma rotação contrária à da sua estrela hospedeira.

Os astrónomos já tinham detetado um planeta extra solar com uma rotação aparentemente oposta à da sua estrela, esclarece o astrónomo Alexandre Correia, da Universidade de Aveiro, mas a informação ainda não estava absolutamente verificada e, sendo apenas um, os investigadores consideraram que poderia tratar-se de um caso isolado.

Uma situação que a descoberta destes seis exoplanetas com movimentos retrógrados vem esclarecer. “Esta descoberta é muito importante”, explicou Alexandre Correia ao Boas Notícias, porque “põe em causa os actuais modelos de formação planetária”.

“No nosso sistema solar os planetas rodam sempre no sentido do Sol e pensava-se que se passava o mesmo com outros planeta mas esta descoberta prova que haverá muitos planetas [fora do sistema solar da Terra] com movimentos retrógrados”, salienta.

A equipa que combinou os dados dos exoplanetas recém detetados com observações mais antigas,
descobriu ainda que mais de metade dos exoplanetas do tipo
“Júpiter quente” [planetas de muito grande dimensão] têm órbitas desalinhadas com o eixo de rotação das
suas estrelas hospedeiras, situação que também não se verifica no nosso sistema solar.

Os astrónomos acreditam, à partida, que os planetas se formam no disco de gás e poeira que circunda a estrela hospedeira. Este disco roda na mesma direcção da própria estrela e, antes desta descoberta, esperava-se que os planetas formados a partir desse disco orbitassem, mais ou menos, no mesmo plano e que se movessem ao longo das suas órbitas na mesma direcção [eixo] que a rotação da estrela, como acontece com os planetas do sistema solar.

Para explicar o movimento retrógrado agora descoberto e as órbitas desalinhadas, uma teoria de migração alternativa sugere que a proximidade deste tipo de exoplanetas às suas estrelas não se deve a interacções com o disco de poeira, mas sim a um processo de evolução mais lento que envolve uma “luta” gravitacional com companheiros planetários ou estelares mais distantes, durante centenas de milhões de anos.

Os três primeiros planetas extra solares foram detetados em 1992 pelos astrofísicos Aleksander Wolszczan e Dale Frail. Desde aí, já foram detetados centenas de exoplanetas em trânsito. A contagem mais recente regista 454 exoplanetas que estão distribuídos por mais de cem estrelas.

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