Entre Dezembro de 2009 e Janeiro de 2010, foram contabilizadas mais de 47 mil aves. A contagem-amostra foi monitorizada ao longo de mais de 800 quilómetros de costa, pela Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves e contou com a ajuda de voluntários
Entre Dezembro de 2009 e Janeiro de 2010 foram contabilizadas mais de 47 mil aves costeiras em Portugal. A contagem-amostra foi monitorizada ao longo de mais de 800 quilómetros de costa, pela Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves, e contou com a ajuda de voluntários.Muitas aves passam a costa portuguesa para passar o Inverno. Algumas são residentes, outras são aves migratórias que fogem do frio rigoroso dos países do norte. Num trabalho divulgado agora pela Sociedade Nacional do Estudo das Aves, foram contabilizadas 47 mil aves marítimas, com a ajuda de 90 voluntários que percorrem a pé mais de 860 quilometros de área costeira, no continente, nos Açores, e na Madeira.
Os resultados têm sido analisados ao longo do ano pelo ISPA (Instituto Universitário), o MNHN (Museu Nacional de História Natural) e a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e foram agora divulgados os dados mais marcantes.
Gaivotas lideram censos
No total foram contadas mais de 47000 aves marinhas e aquáticas distribuídas pelo Continente, Açores e Madeira, pertencentes a 42 espécies. As 6 espécies mais abundantes foram a gaivota-d`asa-escura (11,657 inds.), a gaivota de-patasamarelas (9,752 inds.), o pilrito-das-praias (2,545), a rola-do-mar (2,298), o guincho (1,243) e o corvo-marinho (948).
No continente foram identificadas 40 espécies. O grupo mais abundante foram as gaivotas seguido do das limícolas. Das restantes espécies destacam-se ainda corvos-marinhos, andorinhas-do-mar, patos-marinhos e garças. Nas regiões autónomas o padrão encontrado foi semelhante, embora a diversidade de espécies tenha sido menor.
Entre os resultados obtidos, destaque ainda para a grande concentração de aves aquáticas em torno de Lisboa e também no norte do país. Algumas das aves observadas, como é o caso da rola-do mar, fazem longas migrações, efetuando anualmente largas dezenas de milhares de quilómetros nos seus voos entre as áreas de invernada no nosso país e os seus locais de reprodução nas zonas árcticas da Sibéria, Islândia e Gronelândia.
“Aves são bons indicadores de ecosisstemas”
Um dos membros da Equipa Coordenadora, Miguel Lecoq, afirma, citado pelo portal Pela Natureza, que este projeto “veio colmatar uma grande lacuna no conhecimento da biodiversidade da nossa costa e da sua importância para a conservação das espécies a ela associada”.
“As aves podem ser bons indicadores do estado dos nossos ecossistemas e este projeto, que resulta do esforço de muitos voluntários, pretende continuar a estudar esta importante componente da biodiversidade da nossa costa e monitorizar o estado das suas populações”, sublinha.
Já no inverno de 2010/11, a SPEA e os seus parceiros preparam-se para mais um censo, que permitirá obter mais dados de forma a conhecer as tendências populacionais destas espécies e avaliar assim as suas situações de risco.