Abrir a torneira e encher o copo de água é um gesto banal na nossa realidade europeia. Na Guiné-Bissau, milhares de mulheres são obrigadas a percorrer dezenas de quilómetros em busca de água potável. O documentário "42.195km", exibido esta quinta-fei
Abrir a torneira e encher o copo de água é um gesto banal na nossa realidade europeia. Na Guiné-Bissau, milhares de mulheres são obrigadas a percorrer dezenas de quilómetros em busca de água potável. O documentário “42.195km”, exibido esta quinta-feira na Gulbenkian, retrata a realidade destas população e os objetivos visados pelo projeto VIVA, que vai construir 15 furos artesianos na região guineense de São Domingos.Com o objetivo de evitar as “maratonas da água” que as mulheres de São Domingos são obrigadas a realizar semanalmente, o projeto Viva, da associação Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano, associou-se ao Lidl numa campanha que reuniu fundos para a construção de 15 furos artesianos na região.
O documentário “42.195”, exibido esta quinta-feira na Gulbenkian, conta a história de duas maratonistas que correm por motivos bem distintos: Rosa Mota, madrinha do projeto VIVA, e Maria Buinen, uma guineense sujeita a percorrer dezenas de quilómetros para ter acesso a água potável.
No âmbito desta campanha, a associação VIDA trouxe, em dezembro de 2009, a guineense Maria Buinen a Lisboa para participar, ao lado de Rosa Mota, na maratona de Lisboa. Esta quinta-feira, na antestreia do documentário, Rosa Mota salientou que correr ao lado de Maria “foi uma lição de vida”.
“A Maria disse que a nossa vida é muito fácil. Nós [no mundo ocidental] pintamos a nossa vida de negro, mas depois do encontro com a Maria comecei a pintar a vida em tons mais coloridos”, salientou Rosa Mota.
A atleta, considerada a melhor maratonista do século XX, salientou ainda que enquanto corre “por prazer e pelas emoções da competição”, a Maria e as outras mulheres da Guiné-Bissau fazem “maratonas de sobrevivência, para matar a sede da sua aldeia”.
O documentário, realizado por Júlio Alves, acompanha o esforço diário de vários cidadãos de uma aldeia de São Domingos, intercalando a realidade daquelas pessoas com testemunhos de Rosa Mota, a partir de Portugal, e imagens de arquivo da maratonista portuguesa.