De um momento para o outro, Margarida Alfacinha viu-se confrontada com uma dívida à Segurança Social superior a 7.500 euros. Sem dinheiro para pagar o valor em falta, encontrou na arte uma solução criativa.
De um momento para o outro, Margarida Alfacinha, 37 anos e mãe de dois filhos, viu-se confrontada com uma dívida à Segurança Social superior a 7.500 euros. Sem dinheiro para pagar o valor em falta, encontrou na arte uma solução criativa: criou 375 desenhos que vão ser vendidos a um preço simbólico.
por Patrícia Maia
Esta dívida resultou de serviços que Margarida Alfacinha, designer e artista plástica, desempenhou para uma entidade onde trabalhava a tempo inteiro mas sem contrato, no chamado regime de “falsos recibos verdes”. Na altura, não tinha dinheiro para pagar mensalmente as prestações da Segurança Social pelo que agora assume a dívida que, nas suas palavras, se “tornou uma dádiva”.
“Este jogo de palavras, de dádiva enquanto sinónimo de 'dar' o meu trabalho, pretende chamar a atenção para um problema que afeta muitos dos portugueses que se encontram numa situação precária, desprotegidos pelo sistema ou ao serviço de entidades empregadoras que não se responsabilizam por contratos de trabalho”, explica a artista ao Boas Notícias.
Embora assuma a dívida como sua e reconheça a “grande importância que a Segurança Social representa para os cidadãos”, Margarida considera que é “fundamental que funcione de forma organizada e justa”. “No caso dos trabalhadores a recibos verdes” é urgente reavaliar o sistema “para se responsabilizar primeiro as entidades empregadoras e ajustar as contribuições dos trabalhadores”, salienta.
De acordo com o atual regime de recibos verdes, os trabalhadores independentes têm de descontar quase 30% da sua retribuição mensal para a Segurança Social. Ou seja, um trabalhador que receba o ordenado mínimo descontará 124 euros por mês. Neste momento, as prestações independentes à Segurança Social cobrem 11 escalões dependendo do rendimento.
Novas ideias e novas propostas
Mas a prioridade, agora, é saldar esta dívida. Para isso, Margarida, mãe de dois filhos e que, neste momento, é também gerente de uma loja na Baixa, encontrou uma solução criativa. Está a concluir uma série de 375 desenhos únicos, numerados e assinados, que vão ser vendidos pelo valor de 20 euros cada um, numa venda a decorrer na Casa da Achada (Mouraria), nos dias 16 e 17 de Março de 2013, onde também será possível ver a artista “em ação”.
Às pessoas que enfrentam problemas semelhantes, Margarida aconselha que “procurem ajuda através de organismos que estão a fazer um trabalho sério na procura de soluções para o problema dos trabalhadores precários”.
“Neste momento parece-me muito importante que este assunto seja debatido pelo maior número de pessoas: o debate ajuda à informação e é necessário que surjam novas ideias e novas propostas para melhorar e reformular o sistema social”, conclui.
Clique AQUI para visitar o Facebook dos 375 Desenhos e AQUI para aceder ao blogue onde é possível acompanhar a evolução do projeto.
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