Assinala-se este sábado, 12 de junho, a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, a atual União Europeia. Vinte e cinco anos depois e ponderados prós e contras, valeu a pena a adesão, considera a maioria dos líderes das delegações
Assinala-se este sábado, 12 de junho, a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, a atual União Europeia. Vinte e cinco anos depois e ponderados prós e contras, valeu a pena a adesão, considera a maioria dos líderes das delegações portuguesas no Parlamento Europeu consultados pela agência Lusa. Apenas Ilda Figueiredo, eurodeputada do PCP, fala numa “amarga desilusão”.“A União Europeia deu-nos o projeto, a ambição e a esperança que o fim do império nos tirou. E mais do que isso pôs-nos no centro do desenvolvimento mundial. Isso é muito mais do que a soma dos fundos e que o rosário de imposições”, defende o social democrata Paulo Rangel.
“Nos últimos 25 anos, Portugal mudou muito e, quase sempre, para melhor”, diz, por seu lado, a socialista Edite Estrela. E dá exemplos, como a socialização da educação e da cultura, o reconhecimento dos direitos das crianças e dos idosos e o combate às discriminações.
O eurodeputado do CDS-PP Nuno Melo acrescenta que “dificilmente se conceberia um Portugal competitivo, sem integração no essencial dessa Europa, de pleno direito, beneficiando do mercado e da massa crítica”.
Edite Estrela sublinha ainda que se “melhorou a rede viária e construíram-se novos equipamentos culturais, educativos, desportivos e sociais”.
E destaca que “os desafios do presente exigem, mais do que nunca, lideranças fortes e corajosas, capazes de decidir em tempo útil e sem se deixarem condicionar pelos interesses nacionais. Tudo isto é verdade. Mas também é verdade que a presente crise global veio demonstrar que a União faz a força e que é melhor estar dentro que fora, seja da UE seja da zona Euro’.
Para Nuno Melo “os tempos que se seguem são igualmente de oportunidade. Na renegociação da PAC, na aposta no mar, como desígnio estratégico nacional, e no apoio às micro, pequenas e médias empresas, que deverão ser o verdadeiro garante da criação de riqueza e emprego em Portugal”.
Ilda Figueiredo: UE é “uma amarga desilusão”
Em contraponto, a comunista Ilda Figueiredo não tem qualquer dúvida em fazer um balanço negativo: “Hoje, para milhões de portugueses, o sentimento relativamente à adesão à UE é de uma amarga desilusão”.
“Sob o ponto de vista social, Portugal vive uma grave crise, com o desemprego a crescer permanentemente”, salienta Ilda Figueiredo, considerando ainda que “o mesmo se passa com a pobreza e a desigualdade na distribuição dos rendimentos, onde Portugal tem a pior situação da zona euro”.
A chamada “política do betão”, com a construção de redes viárias e o investimento noutras grandes obras públicas, é também assinalada e, mais uma vez, com concordâncias e divergências.
Ilda Figueiredo faz, neste ponto, um curioso coro com o democrata cristão Nuno Melo: “Estamos mais dependentes economicamente, com a destruição de parte do nosso aparelho produtivo em diversos sectores da indústria, da agricultura e das pescas, o que se reflete no agravamento do desemprego”.
Na mesma linha, Nuno Melo assinala que, como contrapartida do investimento “prioritário em grandes infra estruturas (…), alguns governos têm negligenciado fortemente o país produtivo”, com especial destaque para a agricultura e pescas.