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Uma equipa de arqueólogos noruegueses descobriu que há 100.000 anos os homens já produziam tinta. Não é a primeira vez que são encontrados vestígios desta produção datados de tempos remotos da humanidade, mas a descoberta de marcas tão antigas é inédita e pode representar um ponto importante na evolução cognitiva humana.
A descoberta foi feita em 2008, na gruta de Blombos, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul. Nesse ano, os investigadores da Universidade de Bergen encontraram a mais antiga oficina da humanidade de que há conhecimento. Os resultados da pesquisa foram publicados esta sexta-feira na revista Science.
Os cientistas acharam duas espécies de “estojos de ferramentas” da idade da pedra, mais especificamente do período do Paleolítico Médio. Estes “estojos” eram duas conchas de molusco, contendo ambas restos secos de uma tinta vermelha ocre. Um dos “estojos” tinha ainda, além da tinta, alguns instrumentos como osso e pedras para polir.
Christopher Henshilwood, líder da equipa, explicou à Science que “não foram encontrados vestígios de comida nem detritos, associados ao quotidiano das populações, o que reforça a ideia de que aquele não era um local habitado, mas um espaço de trabalho”. Para os arqueólogos, as pessoas teriam ido ali propositadamente apenas para produzir aqueles pigmentos.
Os investigadores conseguiram ainda compreender a composição da tinta. Esfregando pedaços de ocre em lâminas de quartzito, os artesãos produziriam um pó fino. Depois, este pó era misturado com carvão vegetal, lascas de pedra e um líquido, dando origem ao pigmento.
De acordo com Henshilwood, a grande importância desta descoberta está relacionada com o facto de provar que “os humanos tinham uma capacidade conceptual para ir buscar substâncias, combiná-las entre si e armazená-las”, evidenciando “um conhecimento elementar de química”.
[Notícia sugerida por Elsa Martins]
