Cultura

Viana: Laje rara tem 1200 gravuras rupestres

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Em Viana do Castelo, um grupo de arqueólogos identificou, numa laje, cerca de 1.200 motivos pré-históricos. A Laje da Churra, descoberta há cerca de 40 anos, é uma laje rara uma vez que os motivos gravados na pedra reportam a vários períodos da pré-história, entre 3.000 a.C. e 1.000 a.C., revelam as últimas conclusões da equipa de investigação.

Com cerca de 1.200 gravuras esta “é a Laje com mais motivos gravados que se conhece, pelo menos, no Norte de Portugal”, disse Ana Bettencourt, a coordenadora do projeto ENARDAS, ao Boas Notícias.

Segundo a coordenadora, a laje testemunha gravuras de “longa duração”, ou seja, várias comunidades, de vários períodos, que passaram por aquele lugar e deixaram momentos gravados na pedra.

O que os investigadores estão agora a estudar é o “porquê” da utilização prolongada por várias comunidades daquele espaço. “O local da Laje da Churra foi um espaço de grande importância coletiva e teve, sem dúvida, uma importante simbologia naqueles tempos”, explicou a investigadora.

A passagem de várias comunidades naquele espaço deve-se provavelmente “à vertente baixa daquele local, uma vez que é de fácil acesso, fica perto do ribeiro de águas quentes tem um terreno com propriedades férteis”.

30 investigadores

O projeto ENARDAS – Espaços naturais, arte rupestre e deposições na Pré-História da fachada ocidental do Centro-Norte português – é uma investigação da Universidade do Minho (UM), com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, e da Câmara Municipal de Viana do Castelo e Juntas de freguesia.

Os trabalhos arqueológicos envolvem cerca de 30 investigadores, desde docentes, alunos de mestrados e alguns investigadores estrangeiros. “As escavações iniciaram-se na Primavera de 2011 com o objetivo de estudar desde a zona da bacia do rio Mondego até à bacia do Rio Minho”, disse Ana Bettencourt ao Boas Notícias.

A investigação aposta em escavações arqueológicas e na inventariação do património pré-histórico português, na zona norte, abrange a pré-história de 5.000 a.c. até 1.000 a.c..

“O objetivo é conhecer e estudar em determinadas áreas alguns aspetos do mundo simbólico e religioso destas comunidades, nos períodos do Neolítico, Calcolítico (Idade do Cobre) e Idade do Bronze”, explicou a investigadora.

As áreas chave de escavação do ENARDAS são a Serra de Santa Luzia (Carreço – Viana do Castelo), o Monte da Penha (Guimarães), o Monte da Saía (Barcelos), o Monte da Nossa Senhora da Graça (Mondim de Basto), a Serra da Freita (Arouca) e a Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz).  

10 sítios inéditos

“Até ao momento já foram descobertos 10 sítios inéditos com gravuras rupestres, que abrangem os períodos significativos da pré-história”, adiantou Ana Bettencourt ao Boas Notícias.

Depois da escavação e de iniciar a inventariação, a equipa de arqueólogos escolheu dois sítios para intervir com mais profundidade. “Escolhemos a Laje da Churra, que tem cerca de 1.200 motivos gravados na rocha, assim como os Escapadinhos, que fica no topo da Serra de Santa Luzia, uma vez que este local tem poucas gravuras”.

“Agora, o objetivo da equipa de arqueólogos é descobrir a razão pela qual uns sítios estão repletos de gravuras e outros com tão poucas gravuras”, referiu. Assim, as investigações tentam perceber qual a lógica de implantação no espaço, através da arte rupestre, das necrópoles e dos depósitos de oferendas aos mortos.

População local e turismo cultural

Foram muitas as visitas à Laje da Churra no momento das escavações. A pedra já era conhecida da população, mas nunca tinham sido feitas as escavações a fundo.

A própria equipa de arqueólogos envolveu a população local e os turistas que por lá passaram. “Tivemos visitas das escolas locais e os alunos fizeram questão de voltar com os pais e irmãos para visionar o espaço”, salienta a investigadora.

Curioso foi também a visita contínua de turistas que por ali passavam e “voltaram ao espaço mais do que uma vez para perceber o que os arqueólogos estavam a investigar e até para acompanhar os trabalhos”.

Assim, para além da inventariação do património da pré-história daquela zona, existe também um objetivo de “catalogar os sítios passíveis de serem valorizados para interesse turístico”, salientou Ana Bettencourt.  

No final do projeto estará, também, disponível um site com consulta dos locais para todo o público. “O turismo cultural está em desenvolvimento e estudo e a divulgação deste património é o que podemos oferecer a todos, turistas e população”, referiu a coordenadora do projeto.

Ana Silva

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