Inovação e Tecnologia

Trimares: Um robô subaquático português no Brasil

Chama-se Trimares, é um robô subaquático pioneiro a nível mundial e foi desenvolvido integralmente por uma equipa portuguesa a pedido de investigadores brasileiros.
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Chama-se Trimares, é um robô subaquático pioneiro a nível mundial e foi desenvolvido integralmente por uma equipa portuguesa a pedido de investigadores brasileiros. Graças ao seu caráter inovador, o veículo vai ser utilizado para explorar e monitorizar uma barragem do outro lado do Oceano, no interior do Brasil. CATARINA FERREIRA
 
A proposta surgiu porque o grupo de investigação brasileiro já conhecia o trabalho do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC TEC), que, juntamente com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) forneceu os especialistas para a construção de um projeto ambicioso.
 

“A equipa do Brasil pretendia desenvolver um sistema integrado para a monitorização da central hidroelétrica do Lajeado, no estado de Tocantins. A ideia principal era obter e arquivar informação relativa à estrutura da barragem e à sedimentação e qualidade da água na albufeira”, explica Nuno Alexandre Cruz, do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP e um dos responsáveis pela criação do Trimares, em entrevista ao Boas Notícias.
 
Por estarem familiarizados com o trabalho do INESC TEC no âmbito da robótica subaquática, os parceiros brasileiros tentaram saber se seria possível utilizar, para os fins desejados, um outro veículo submarino autónomo português – o MARES. Porém, questões como o tamanho e os requisitos energéticos foram um obstáculo e a equipa lusa apontou uma alternativa.
 
“Propusemos desenvolver uma solução adequada ao problema, que resultou na utilização de muitos dos módulos do MARES num novo sistema, constituído por três corpos interligados. Daí o nome Trimares”, conta Nuno Alexandre Cruz.

Um veículo pioneiro
 

Este robô subaquático pode ser pequeno, mas as suas potencialidades são múltiplas, o que o leva a destacar-se entre outros veículos do mesmo género. Desde logo, o facto de se tratar de um híbrido apresenta-se como um grande benefício.
 
“A possibilidade de utilização híbrida significa que aquilo que normalmente é efetuado com dois veículos – um sem cabo para áreas grandes e outro com cabo para inspeção localizada  – pode agora ser realizado com um único veículo, com vantagens óbvias em termos de gestão de recursos”, realça o investigador português. 
 
Com efeito, o Trimares “pode deslocar-se na água para registar dados diversos, tais como imagens de vídeo, dados de sonar ou informações sobre a qualidade da água” e, ao mesmo tempo que é capaz de transmitir vídeo em tempo real e receber ordens de um operador através de um “joystick”, tem também autonomia para explorar de acordo com um conjunto pré-programado de instruções.
 
Desta forma, possui “grande mobilidade para percorrer muitas dezenas de quilómetros”, dispondo ainda “de baterias recarregáveis para se movimentar durante cerca de dez horas, um sistema de navegação que lhe permite saber onde está e um computador interno para controlar todos os sistemas a bordo”.
 
Mas há mais: “a própria organização e arquivo dos dados recolhidos na barragem e na albufeira têm aspetos inovadores, porque irão permitir uma navegação pela informação histórica geo-referenciada”, adianta Nuno Alexandre Cruz ao Boas Notícias.

A experiência tem sido “extremamente gratificante”
 

O desenvolvimento do projeto tem decorrido “sem sobressaltos”, de acordo com o plano inicialmente traçado. O Trimares foi enviado para a Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, no Verão do ano passado e em Setembro uma equipa portuguesa deslocou-se ao local para dar formação aos investigadores brasileiros “relativamente à instalação de sensores, programação, manutenção e treino operacional”.
 
Dentro de um mês, os portugueses voltarão ao Brasil para continuar a formação e, segundo Nuno Alexandre Cruz, “gradualmente, a equipa brasileira ficará mais autónoma e poderá assegurar a operacionalidade do sistema”.
 
“A nossa colaboração no terreno deverá terminar aquando da implementação do sistema na barragem do Lajeado, o que se espera que aconteça daqui a um ano”, prevê. Ainda assim, para o investigador e para a restante equipa, esta está a ser uma experiência “extremamente gratificante”.
 
“Sentimos naturalmente um grande orgulho por termos sido escolhidos, uma vez que se trata de uma área tecnológica muito especializada, por norma dominada pelos países mais desenvolvidos”, confessa Nuno Alexandre Cruz, que tem sentido a satisfação acentuar-se “pela reação positiva que tem existido por parte dos parceiros brasileiros”.
 
O especialista acredita que esta é “a confirmação do sucesso do projeto” e garante mesmo que o trabalho está já a abrir portas. “Temos estabelecido novas parcerias para outros projetos ainda mais ambiciosos numa área em que o INESC TEC tem estado a apostar fortemente”, desvenda Nuno, deixando no horizonte um futuro promissor.

Clique AQUI para saber mais sobre o Trimares (em inglês).

[Artigo sugerido por Maria Manuela Mendes]

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