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Quanto vale a Liberdade?

Abril em Portugal é sinónimo de Liberdade. Para muitos é um dado adquirido já que nasceram sob a sua tutela. Mas a Liberdade ainda tem de ser conquistada por muitas pessoas em todas as partes do mundo, a cada dia e a cada hora. Seja por quererem f
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Abril em Portugal é sinónimo de Liberdade. Para muitos é um dado adquirido já que nasceram sob a sua tutela. Mas a Liberdade ainda tem de ser conquistada por muitas pessoas em todas as partes do mundo a cada dia e a cada hora.

Seja por quererem fazer valer liberdades individuais, por pertencerem a minorias étnicas ou sexuais ou por viverem em algum dos 47 países do mundo considerados como “não livres”, conforme revela o último relatório da Freedom House 2010.

A Freedom House classifica os países como “livres”, “parcialmente livres” ou “não livres”, de acordo com uma série de indicadores estabelecidos pela organização que interligam a liberdade e os direitos humanos. Segundo o Relatório “Freedom in the World“, publicado anualmente desde 1972, em 2009 a liberdade teve um decréscimo em 40 países.

“O declínio é global, afeta países com poder militar e económico, afeta países que anteriormente haviam mostrado potenciais sinais de reforma e é acompanhado pelo aumento da perseguição a dissidentes políticos e jornalistas independentes”, revela Arch Puddington, diretor-executivo do centro de pesquisa da Freedom House.

O estudo revela ainda que nos últimos cinco anos os governos permitiram mais facilmente a organização de eleições honestas do que permitiram uma imprensa livre sem censura ou uma sociedade civil robusta ou um sistema de justiça independente.

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“Terror é o recurso supremo das ditaduras. Curiosamente, é também a maior manifestação do seu próprio terror: têm medo das palavras, da liberdade, da lucidez, da transparência e da dignidade daqueles que se atrevem a desafiá-lo”. As palavras são de Miriam Celaya, uma blogger a viver sob o regime cubano, no blogue “Sin Evasion” .

À semelhança de outros bloggers e ativistas pela liberdade espalhados pelo mundo a internet é uma “arma” essencial para Celaya. É um “espaço modesto mas permanente perante o mundo onde podemos ser ouvidos com o respeito e os direitos que não podemos gozar no nosso próprio país há mais de meio século”, escreve Miriam Celaya, referindo-se a Cuba.

Tecnologias: janela aberta para o mundo

Miriam Celaya é apenas uma das muitas “voces cubanas” que se revoltam contra o regime. Yoani Sanchez [na foto abaixo], outra blogger cubana reconhecida internacionalmente com diversos  prémios, escreve “desde Cuba”, um blogue onde relata o seu dia-a-dia em Havana com as limitações impostas pelo regime de Castro.

Os prémios que lhe foram atribuídos, pela excelência da sua escrita e por dar voz aos que vivem na opressão, não os pôde receber pessoalmente devido à interdição do governo em viajar ou ausentar-se do país.

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Recentemente no seu blogue, considerado pela Revista “Time” o melhor de 2009, publicou o bilhete que lhe foi enviado pela alfândega onde dez cópias do seu livro “Cuba Libre”, compilação de textos publicados do blogue, não puderam sair do país “por conterem  material que atentavam contra os interesses da nação”.

Sanchez reflete na sua conta de Twitter, que por vezes tem de ser atualizada por algum amigo fora de Cuba devido às limitações castristas, que “durante anos as atrocidades ficavam no silêncio ou na dor da vítima, mas hoje temos a tecnologia para documentá-las”.

Foram essas tecnologias como o twitter, o blogger ou o youtube de onde emergem estes novos resistentes, que permitiram o ano passado uma janela aberta para que se acompanhasse as violentas manifestações no Irão contra o regime de Ahmadinejad.

Neda Agha-Soltan, uma estudante de 28 anos que participava numa das manifestações, tornou-se um símbolo dessa repressão à escala global quando as imagens do momento em que foi abatida pela polícia em plena rua circularam pela internet revelando a atrocidade do regime do presidente re-eleito.

A vida pela Liberdade

Para evitar estes “vazamentos”  de informação os governos bloqueiam os serviços, dificultam o acesso à internet ou inflacionam-lhes o preço. China e Cuba são alguns dos exemplos maiores dessas restrições.

As resistências ganham força com um rosto, uma voz, que humanize a causa. Há quem esteja disposto a morrer, como foi o caso da ativista saraui Aminetu Haidar [na foto] que entrou em greve de fome no início do ano.

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Ícone de resistência pacífica, Aminetu estava pronta a morrer perante a política de Marrocos que a proibiu de entrar no território expulsando-a de volta para território espanhol. Determinada em voltar ao Sahara Ocidental morta ou viva deu início a uma greve de fome no aeroporto de Lanzarote onde só saiu quando o seu estado de saúde se agravou devido aos 32 dias sem comer.

Esta semana foi-lhe atribuído o primeiro prémio internacional “Jovellanos Resistencia y Libertad” por parte das comunidades baleares e asturianas de Espanha. Na cerimónia de atribuição aproveitou para voltar a apelar ao cumprimento dos direitos humanos e aludiu às mais de 500 pessoas desaparecidas sem deixar rastro desde 1976 no território controlado por Marrocos.

O mesmo reconhecimento não chegou a ter o cubano Orlando Zapata que decidiu entrar em jejum para exigir ao governo de Raúl Castro a libertação de 26 prisioneiros políticos doentes. Foram 85 dias sem comer que o levaram ao extremo. Acabou por morrer em fevereiro deste ano.

Agora Guillermo Fariñas, um psicólogo cubano, “orgulha-se” de levar a cabo uma greve de fome em homenagem ao ativista para que a sua mensagem não fique esquecida. Entretanto internado devido a uma infeção, o psicólogo tenta recuperar a saúde em casa, aos cuidados da mãe e onde passa a maior parte do tempo inconsciente.

10 Países entre os “piores dos piores”

De acordo com o relatório da Freedom House, pior que Cuba, China, Ossétia do Sul ou Sahara Ocidental, em termos de [falta de] liberdade e respeito pelos direitos humanos estão Burma, Guiné Equatorial, Eritreia, Líbia, Somália, Sudão, Turqueministão, Uzebequistão, Tibete e Coreia do Norte, considerados “os piores dos piores”.

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Na Coreia do Sul, a associação Minkahyup, composta por mulheres e mães sul coreanas, luta pelos direitos humanos desde há 24 anos. Permitiu já a libertação de numerosos prisioneiros de consciência na Coreia do Sul e acordou uma sociedade que ignorava o assunto.

“É participando na marcha pela democracia que podemos devolver os mártires às suas famílias”, lê-se no manifesto da associação.

Prémios Nobel da Paz como Nelson Mandela [na foto acima], na África do Sul ou a ativista política Aung San Suu Kyi em Myanmar, antiga Birmânia, foram presos por desafiar o pensamento e representarem em algum nível uma ameaça ao poder.   

A luta por “outras liberdades”

Na Europa hoje luta-se ainda por liberdades, diferentes e em menos quantidade e até menos graves que as de Cuba, por exemplo, mas a luta pela remuneração justa e direito ao trabalho continuam na ordem do dia e partilhadas por todas as sociedades. Em Portugal blogues como Precários Inflexíveis ou o FERVE- Fartos Destes Recibos Verdes têm espaços livres e sem restrições para se manifestarem e denunciarem trabalho sem direitos.

No livro “The Long Road to Freedom”, Mandela escreve que “a liberdade não é meramente tirar as correntes de alguém, mas sim viver de uma forma que respeite e aumente a liberdade dos outros”.

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Em Portugal, pelo que o Boas Notícias apurou, esta ideia está bem clara na mente dos portugueses. Veja no vídeo o voxpop sobre a Liberdade e o que significa, para algumas pessoas que encontrámos na rua, ser livre na sociedade de hoje.

E uma certeza fica garantida, por mais opressão que exista no mundo haverá sempre um dissidente, um ativista, um revolucionário a lutar pela Liberdade… a cada dia e a cada hora.
 
Ana Margarida Pereira

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