Ciência

Protetor solar português feito com espinhas de bacalhau

Um grupo de investigadores da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica do Porto acaba de anunciar o desenvolvimento de um protetor solar português que utiliza como base as espinhas de bacalhau.
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Um grupo de investigadores da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica do Porto acaba de anunciar o desenvolvimento de um protetor solar português que utiliza como base as espinhas de bacalhau. A inovação resulta de um trabalho em curso cujo objetivo é valorizar este subproduto da indústria alimentar.
 
Em comunicado, os especialistas da ESB envolvidos na criação deste protetor solar único explicam que as espinhas de bacalhau têm elevada eficácia como filtro solar, em particular quando transformadas num pó “que absorve as componentes ultravioletas da luz, as mais perigosas para a saúde humana, que podem danificar o ADN e causar doenças como o cancro da pele”. 
 
 “Este produto [o pó] é obtido transformando-se as espinhas de bacalhau com um tratamento numa solução de ferro, seguida de um aquecimento a temperaturas elevadas (700ºC)”, revela a equipa, acrescentando que este tratamento “permite a incorporação do ferro no principal material constituinte das espinhas, um fosfato de cálcio conhecido como hidroxiapatite”, o que lhe atribui as suas qualidades protetoras.
 
De acordo com os investigadores, que publicaram, no início do mês, os resultados dos testes já feitos em humanos na revista científica Journal of Materials Chemistry B, “este pó tem a capacidade de absorver as radiações ultravioletas UVA e UVB podendo, por isso, ser classificado como protetor solar cinco estrelas”, o que corresponde a máxima proteção numa das escalas aceites internacionalmente, a Boots Star UVA Rating. 
 
Para a realização dos testes em causa, a equipa portuguesa incorporou o pó na formulação de um creme protetor, avaliando a sua eficácia e segurança num produto real e conseguindo demonstrar efetivamente a absorção da luz ultravioleta UVA e UVB.
 
“O creme não causou irritações ou outras reações negativas, o que atesta a sua segurança e compatibilidade com a pele”, congratulam-se os especialistas, cujo projeto está já patenteado, realçando que “esta é a primeira vez que um creme para proteção solar é desenvolvido com base em hidroxiapatite e a primeira vez que, para obter esse produto, foram usadas espinhas de bacalhau”.

Espinhas também já foram usadas para criar implantes ósseos
 

Os bons resultados são partilhados pelos investigadores no artigo por eles publicado, no qual frisam que o produto “mostrou boa absorção em toda a gama UV” e que “um creme formulado com este material pode vir a ser usado como protetor solar de larga escala”.
 
“Estes resultados provam que um subproduto da indústria alimentar pode ser convertido num produto com valor e potencial nas áreas da saúde e da cosmética”, conclui a equipa portuguesa. 
 
A investigação da Escola Superior de Biotecnologia da Católica Porto conta com a parceria da Inovapotek – empresa de desenvolvimento e ensaios na área da cosmética – e com o apoio do CICECO (Centro de Investigação em Cerâmicos e Materiais Compósitos) da Universidade de Aveiro, que também participou no trabalho.
 
Recorde-se que esta não é a primeira vez que este grupo de investigação trabalhou na valorização das espinhas de bacalhau, tendo desenvolvido, como o Boas Notícias publicou à data, um método para a produção de materiais utilizáveis em implantes ósseos.

Este trabalho é particularmente importante já que, na indústria de processamento do bacalhau, de grande importância para Portugal, se geram quantidades muito elevadas de resíduos (que podem atingir valores a ordem dos 40%), entre os quais as espinhas, com impactos ambientais significativos. 
 

Clique AQUI para aceder ao estudo que dá conta dos testes feitos com este protetor solar (em inglês). 

Notícia sugerida por Maria Pandina

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