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Porquê Internacionalizar?

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Por seu lado, Adriano Freire, em Estratégia – Sucesso em Portugal, considera a internacionalização a extensão das estratégias de produtos-mercados e de integração vertical de uma empresa para outros países, da qual resulta uma replicação total ou parcial da sua cadeia operacional.

Independentemente da definição assumida, se na atualidade vivemos num mundo globalizado, os negócios também devem ser pensados da mesma forma, global.

E porquê pensar em internacionalizar o seu negócio? A necessidade de crescimento da empresa, a obtenção de economias de escala, em resposta a concorrentes ou para acompanhar clientes, porque conseguiu aceder a recursos no exterior ou porque teve acesso a apoios e incentivos governamentais podem ser alguns desses motivos.

E se acrescentarmos as limitações do mercado doméstico, uma vez que Portugal não é um mercado muito vasto, mais razões os empreendedores e empresários têm para pensar numa estratégia de internacionalização para as suas empresas.

No entanto, mais do que enumerar etapas, apontar dicas e riscos por detrás de um processo de internacionalização, a i9 magazine quis ouvir e dar a voz a “quem sabe” como internacionalizar com sucesso. Para tal, fez as mesmas perguntas a Salvador da Cunha e a Diogo Rezende.

Salvador da Cunha

Captura de ecrã 2016-06-23, às 14.45.52CEO do grupo Lift World, grupo de marketing e comunicação português que começou o seu processo de internacionalização em 2011 com o lançamento da Lift Consulting em Angola.

Inovar é…

Não ter medo de falhar quando se quer fazer mais e melhor com os mesmos recursos. E é também antecipar as tendências e estar preparado para elas. Às vezes à frente do tempo. Mas inovar é também ser resiliente.

Diogo Rezende

Captura de ecrã 2016-06-23, às 14.45.59CEO da Inapa, referência na distribuição de papel na Europa. Foi Professor Assistente Adjunto de Empreendedorismo Aplicado no programa de mestrados e membro do Conselho Consultivo na Nova School of Business and Economics.

Inovar é…

Ter a capacidade de criar, lançar e desenvolver algo novo. Isso não significa necessariamente inventar, pois grande parte das vezes a inovação consegue-se alterando, readaptando ou melhorando algo que já exista.

Para começar, quando confrontados com as virtudes de um empreendedor, Salvador da Cunha refere que “não ter medo de falhar” é essencial. “Falhar significa aprender, não tentar significa morrer”, afirma. Já Diogo de Rezende destaca a “resiliência” como característica-chave de um empreendedor, pois tem de vencer muitos obstáculos, flexibilidade. É natural ter de ajustar o rumo, paixão pelo projeto e capacidade de motivar outras pessoas”.

Entrando no campo da internacionalização, o CEO da Inapa assinala a existência de três critérios na definição anual da estratégia de internacionalização do grupo: “crescimento, estabilidade e sinergias”. Assegura que na Inapa procuram “entrar em mercados em que existam boas perspetivas de crescimento no futuro, com populações jovens e uma economia em desenvolvimento”, pelo que o “país deve ter um entorno estável para os negócios, com um sistema legal, económico e setorial normalizado”. Para Diogo Rezende, a Inapa “deve ter a capacidade de acrescentar valor nesse mercado, seja por via das suas operações, portefólio de produtos ou relacionamento com fornecedores. A internacionalização não é um fim em si mesmo, mas sim algo que nos permite continuar a crescer e criar valor para os nossos acionistas”.

Relativamente ao grupo Lift, Salvador aponta que neste momento a empresa youzz está em processo de internacionalização, de modo que estão a “abrir mercados maduros com operações diretas, detidas a 100% pela holding de controlo desta unidade de negócio”. Reconhece que “é um processo duro, mas desafiante”, tendo aberto em junho no Reino Unido e Brasil. Acrescenta ainda que “exportar é onde estão os nossos clientes. Não tem ciência. Internacionalização é outro jogo. É jogar com o corpo em Portugal e os pés em cada um dos países onde estamos. É um exercício de alongamento impressionante. Doloroso. Mas, como todos os alongamentos depois do exercício, estimulante”.

Em termos de volume de negócios, cerca de 95% do volume de negócio da Inapa é feito no exterior, daí terem sido eleitos, pelo segundo ano consecutivo, a empresa portuguesa mais internacionalizada. Mas Diogo Rezende ressalva que a empresa “realiza a distribuição de produtos nos vários mercados em que está inserida (nove países). Cada uma das suas empresas localmente realiza o sourcing dos seus produtos e procura servir o mercado interno, sendo residual o montante exportado”. Comparativamente, Salvador da Cunha indica que, em 2015, cerca de 10% do total de receitas do grupo correspondeu a unidades que estão fora de Portugal (Espanha e Angola) ou de clientes internacionais (exportação). “A previsão é que este valor suba para os 15% neste ano para mais de 20% no ano seguinte. Depois será sempre a subir”, acrescentou.

E quanto a fundos? O CEO da Lift afirmou que neste momento não dispõem de qualquer tipo de apoio, contudo lembra um episódio menos positivo: “tivemos um QREN há dois anos, que só nos deu problemas. Ficámos com a ideia que o Estado só queria encontrar falhas no processo para não pagar o que devia. Por exemplo, nas despesas de marketing só foram elegíveis feiras e congressos, quando a maior fatia de investimento em marketing foi digital. O marketing digital não foi aceite. É por isso que estamos a concorrer a fundos no Reino Unido. Não tem nada a ver com a mente pequenina dos portugueses nesta matéria”. Já a Inapa, dado ter um volume de exportação muito reduzido na sua atividade, não recorre a fundos para este efeito.

Ao questionar sobre se Portugal facilita ou dificulta a internacionalização das empresas, as respostas não podiam divergir mais. Diogo Rezende afiança que “a cultura portuguesa é bastante aberta ao processo de internacionalização, até porque o nosso mercado é relativamente reduzido, pelo que este é normalmente um passo necessário para continuar a crescer. O português tem uma grande facilidade de adaptação às diversas culturas, sendo normalmente bem acolhido. A imagem de Portugal ligada às empresas e mercado não é ainda um valor acrescentado para quem pretende internacionalizar as suas operações”. Já Salvador da Cunha admite que o país “dificulta”. Frisa que “apesar de a imagem que têm de nós lá fora ser melhor do que a que temos de nós próprios, ainda estamos muito longe da perceção de qualidade e produtividade de países como o Reino Unido, os Estados Unidos ou a França. Vivemos em concorrência muitíssimo competitiva. Este governo está a fazer tudo ao contrário. Está a condenar o país. Não se entende esta dependência extrema do poder sindical e dos partidos de esquerda. Os casos das 35 horas, do Porto de Lisboa ou das escolas emite sinais para fora de país de terceiro mundo. O investimento estrangeiro em Portugal há muito tempo que não era tão baixo. É uma tristeza”.

No campo dos obstáculos que muitas vezes encontram durante o processo de internacionalização, Salvador da Cunha revela que “a burocracia no Brasil é impressionante. E a batalha pela notoriedade no Reino Unido é um desafio”. Diogo Rezende aponta a “multiplicidade das línguas e de enquadramentos fiscais” como as grandes dificuldades da Inapa porque “em muitos países, uma parte significativa dos colaboradores só fala a língua local, dificultando algo a comunicação e obrigando a adaptações locais dos sistemas”.

Ambos confessam ter falhado processos de internacionalização em determinados casos, salvaguardando sempre a necessidade de reajustar estratégias e terem aprendido com o erro.

Para terminar, refletindo sobre o lema de vida, Salvador afirma nunca ter pensado nisso, mas fala em “estar (quase) sempre bem-disposto e com vontade de fazer coisas…”. A alegria também reina no lema de Diogo Rezende: “os otimistas e os pessimistas vivem no mesmo mundo, mas uns passam por cá mais alegres”. A leitura é um hobbie comum.

// www.lift.com.pt

// www.inapa.pt

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