por Dr. Nuno Palas, nutricionista
São poucos os temas em nutrição que geram tanto consenso entre nutricionistas e “consumidores” como este. E neste, temos de incluir nos consumidores os nutricionistas!
Pelo bem que faz e pelo equilíbrio emocional que cria, o chocolate pode e deve ser um alimento a promover num plano alimentar saudável, independentemente do seu objetivo. O único ponto em que pode haver discórdia entre nutricionistas e consumidores é no tipo de chocolate, na quantidade e na frequência com que deve ser comido.
Por isso, para quem gosta de chocolate, comê-lo negro, de pelo menos 70% de cacau, numa quantidade controlada e ingerido principalmente de dia, pode ser um comportamento alimentar saudável e a promover, tal como acontece dia 7 julho, Dia Mundial do Chocolate.
A vantagem nutricional na sua ingestão, mais especificamente do chocolate de maior percentagem de cacau, reside na quantidade de catequinas e epicatequinas que contém. Estes polifenóis podem ter um papel importante no combate ao stress oxidativo (envelhecimento) e na promoção da boa saúde celular, protegendo, por exemplo, de problemas cancerígenos.
Além desta propriedade, tem na sua composição substâncias como a teobromina, teofilina e magnésio que podem ajudar no combate da inflamação das células. No entanto, apresenta também uma quantidade de cafeína que, em pessoas mais suscetíveis aos seus efeitos estimulantes, recomenda o seu uso com precaução no período da noite.
Por último, como fornecedor de triptofano, o chocolate intervém na produção de serotonina e, por isso, pode também ter um impacto significativo no humor e bem-estar. Quanto melhores níveis de serotonina, menos manifestações depressivas teremos.
Não obstante estes benefícios, não podemos esquecer, nunca, que é um alimento bastante calórico e que, igualmente, sob o ponto de vista nutricional, a sua ingestão deve ser muito baixa quando feita diariamente a moderada quando ingerido pontualmente.
Por tudo isto, fica percetível a vantagem de ingestão de chocolate, mas não de qualquer chocolate, pelos seguintes motivos:
- Os benefícios acima descritos não são inerentes ao chocolate, são inerentes ao cacau e daí quanto maior a percentagem deste, melhor;
- Se a sua ingestão é vantajosa, não é menos importante o cuidado com a quantidade pelo seu teor calórico;
- Tendo em conta as calorias, é igualmente importante perceber a composição de outros ingredientes, nomeadamente açúcares, compotas, licores, etc..
Termino dizendo que, se não é amante de chocolate, não fique preocupado, pode igualmente procurar o benefício dos polifenóis em alimentos como fruta ou legumes.