Em Aceredo, um rio com pouco mais de dez metros de largura era o elemento organizador da vida de cerca de uma centena de pessoas. A prática da agricultura era a forma de sustento das famílias, que aproveitavam a fertilidade das vinhas que por ali se erguiam.
Porém, o quotidiano pacato foi interrompido pela edificação da barragem do Alto-Lindoso, em Ponte de Barca. Moradores de Aceredo e de outras pequenas aldeias em redor, bem como proprietários de terrenos, tiveram de abandonar o local. Ali ao lado – em Aceredo “novo” – muitos deles passaram a viver uma nova vida, em casas construídas de raiz.
Na época, a EDP indemnizou os habitantes pela subida das águas em vários metros. Agora, com a albufeira do Alto-Lindoso a atingir níveis mínimos históricos e oito meses sem chuva, o rio desceu praticamente ao seu leito normal, trazendo à tona, do lado espanhol, o que resta da aldeia e atraindo quem já lá viveu.
Francisco Villalonga, 61 anos, foi um dos moradores que regressou ao centro de Aceredo “velho” e o momento foi emocionante, como confessou à Agência Lusa. Azulejos da antiga casa e até mesmo uma piscina onde os “rapazes novos” costumavam divertir-se estão agora aos olhos de todos.
“São coisas que recordam famílias que já não estão, tempos da infância, uma aldeia muito bonita e um povo muito unido. Se pudesse voltar para aqui, era já”, desabafa Francisco.
Agora, ao passear pelos caminhos até há pouco tempo cobertos pela água e ainda marcados por ela, há um sentimento inevitável e que parece ser comum: saudade.