Uma cirurgia pioneira realizada na Indonésia vai permitir a uma fêmea de orangotango ver as suas duas crias pela primeira vez. A progenitora, Gober, de 40 anos, sofria de cataratas e nunca pôde olhar para os gémeos Ganteng e Ginting, de 18 meses.
Uma cirurgia pioneira realizada na Indonésia vai permitir a uma fêmea de orangotango ver as suas duas crias pela primeira vez. A progenitora, Gober, de 40 anos, sofria de cataratas e nunca pôde olhar para os gémeos Ganteng e Ginting, de 18 meses, mas foi submetida a uma operação que vai melhorar drasticamente a sua qualidade de vida.
Gober foi capturada pelo programa de conservação de orangotangos da ilha de Sumatra (Sumatran Orangutan Conservation Programme – SOPC) para garantir a sua segurança, visto que a perda da visão a colocava numa posição de risco.
Atualmente, a fêmea reside num centro de quarentena na região de Medan com as duas crias e o parceiro, Leuser, também ele cego em consequência de um ataque. “Normalmente não encorajamos a reprodução em cativeiro, porque já há demasiados animais a viver na Indonésia fora do seu habitat', explicou Yenny Saraswati, veterinário do programa em comunicado.
“Porém, como acreditávamos que a Gober seria uma boa mãe, abrimos uma excepção”, acrescentou. A crença foi confirmada depois do nascimento dos bebés e, embora nenhum dos pais tenha podido vê-los, a fêmea de orangotango tem tido um comportamento “exemplar”, descrevem os especialistas que a têm acompanhado.
Portanto, “quando surgiu a oportunidade de operar e de lhe restaurar a visão, agarrámo-la imediatamente”, salientou Saraswati. Uma vez que as crias tinham já atingido a idade necessária para serem temporariamente separadas da mãe, o procedimento foi levado a cabo na passada segunda-feira por Arie Umboh, um especialista em doenças oculares humanas, que, durante 40 minutos, efetuou a primeira operação do género feita no país.
De acordo com Umboh, a equipa médica não encontrou “quaisquer evidências de danos na retina”, pelo que grande parte da visão do animal será restabelecida, permitindo-lhe observar pela primeira vez os filhotes. Os responsáveis do SOCP estão radiantes com os resultados.
“É fantástico que finalmente possamos fazer isto pela Gober. Agora que o fizemos e que ela está bem, a vida de todos eles vai mudar para melhor”, garantiram, deixando um agradecimento especial a Umboh e à fundação alemã Orang-Utans in Not, que cobriu os custos logísticos do procedimento.