Sociedade

Lisboa vai ter uma casa para crianças refugiadas

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Fogem de guerras ou das perseguições de que são muitas vezes vítimas devido à sua raça, etnia, nacionalidade, religião, ou sexo. São crianças e adolescentes vindos de várias partes do mundo que, no fim deste ano, poderão ser acolhidos em Lisboa no projeto “Uma Casa para o Mundo”. Em Portugal esperam encontrar um porto seguro.

Chegam anualmente a Portugal entre 8 a 10 menores nestas condições com idades que variam entre os 15 e os 17 anos, maioritariamente de países africanos e da Ásia.

São jovens que aprendem a lidar desde cedo com a morte dos pais, com abusos familiares, violações dos seus direitos ou exploração sexual e aventuram-se, sozinhas, pelo mundo, em busca de um local onde lhes seja oferecida proteção e segurança.

Para receber e reintegrar estes jovens, está a ser construído em Lisboa, no Parque da Bela Vista, o primeiro centro de acolhimento para crianças refugiadas em Portugal, numa parceria entre o Conselho Português para os Refugiados (CPR) e a Swatch, que contribui para o projeto com parte das vendas do relógio “Caçula”.

Os mais novos, denominados “menores desacompanhados“, “são crianças que foram separadas de ambos os pais ou outros familiares e que não se encontram ao cuidado de um adulto que, por lei ou costume, está responsável pelo cuidado da criança”,  explicou ao Boas Notícias Mónica Frechaut, responsável pelo departamento de informação do CPR.

A fuga para um país de destino, diz a responsável, “é sempre longa e difícil”. “Estas crianças utilizam os mesmos meios que os adultos” para fugir do seu país, correndo, porém, “mais riscos, dada a sua vulnerabilidade, começando pelo meio de transporte utilizado, que as coloca muitas vezes em situações de perigo extremo”.

Quando chegam, conta Mónica, estas crianças estão, muitas vezes, “severamente traumatizadas” devido às perseguições ocorridas na sua terra natal, à morte, desaparecimento ou separação dos pais, da comunidade e de tudo o que lhes é familiar. Na bagagem trazem angústia e sentimentos de perda, para além das sequelas da violência e perseguição.

A todos esses obstáculos Mónica acrescenta os de adaptação inerentes à chegada a um país estranho, “com costumes, tradições e uma língua muitas vezes diferente da sua”, dificuldades que na nova casa de acolhimento deverão ser atenuadas.

Inauguração no final do ano

Segundo Mónica Frechaut, a obra “está a andar bem, devido a um forte empenho de toda a equipa da construção”, pelo que se espera que até ao final do ano estejam reunidas as condições necessárias para acolher menores neste novo lar.

O objetivo desta casa, sublinha Mónica, é “melhorar as condições de acolhimento das crianças refugiadas, particularmente as que chegam a Portugal sozinhas, e implementar, através dos Programas de Reinstalação em Portugal, o acolhimento de crianças com necessidades médicas especiais”.

“Um ambiente o mais próximo possível da estrutura familiar, estável e seguro, onde possam desenvolver uma voz crítica e condutas responsáveis diante da vida” é o que o centro espera poder oferecer a estes jovens.

A casa, preparada para receber no máximo 14 crianças em simultâneo, vai ter uma sala de estar e de refeições, uma biblioteca, quartos duplos e triplos divididos por sexos, gabinetes administrativos de apoio, e espaços exteriores requalificados.

De acordo com o departamento de informação do CPR, “para além da integração em meio escolar e o apoio escolar, as crianças terão um conjunto variado de atividades, designadamente desportivas e sócio-culturais, como passeios, visitas a museus, etc.”

Outra finalidade importante da casa gerida pelo CPR é que ali se desenvolva “um projeto multicultural, onde se cultivem os valores universais da amizade, solidariedade e respeito”.

O apoio da sociedade será fundamental

O apoio da sociedade neste projeto “é fundamental”, lembra Mónica. “Há várias formas da sociedade se envolver, pode ser através do voluntariado, do apoio nas aulas de português, na organização de atividades culturais…todas as iniciativas que apostem na integração, na melhoria das condições de vida destas crianças e que lhes devolvam a alegria e a esperança”.

Para além disso, diz Monica, o CPR gostaria também que a sociedade ajudasse a encontrar, para cada um destes jovens, “um lugar a que possam chamar casa”.

18 milhões de crianças refugiadas em todo o mundo

Atualmente há cerca de 18 milhões de crianças refugiadas em todo o mundo. Mais de meio milhão destas crianças foram separadas de ambos os pais ou outros familiares em períodos de guerra ou conflitos, pobreza ou desastres naturais. Estas crianças estão expostas diariamente a situações de risco como o recrutamento militar, exploração e abuso sexual, trabalho forçado, adoção irregular, tráfico e discriminação.

Até que a nova casa esteja pronta, os menores que chegam a Portugal requerendo asilo são integrados no Centro de Acolhimento para Refugiados da Bobadela.

“Uma Casa Para o Mundo” é um projeto do CPR em parceria com a Swatch – Tempus Internacional, o Ministério da Administração Interna / Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Câmara Municipal de Lisboa, SIC Esperança, BPI, Fundação Luís Figo e a JC Decaux.

Mafalda Almeida 

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