Sociedade

Educação “positiva” é benéfica para o comportamento

Adotar estratégias positivas ao invés de dar ordens e impor castigos às crianças que se portam mal ou, simplesmente, dedicar, de forma exclusiva, 10 minutos diários para brincar com os filhos pode reduzir os distúrbios comportamentais.
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Adotar estratégias positivas ao invés de dar ordens e impor castigos às crianças que se portam mal ou, simplesmente, dedicar, de forma exclusiva, 10 minutos diários para brincar com os filhos pode contribuir para reduzir os distúrbios comportamentais nos mais novos. A conclusão é de um estudo da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
 
O estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pelo programa FEDER-Compete teve como objetivo testar, em Portugal, o impacto e a eficácia do programa norte-americano “Os Anos Incríveis” em figuras parentais de crianças dos 3 aos 6 anos de idade, com problemas de comportamento como hiperatividade, défice de atenção, oposição, desafio e agressividade diagnosticados.
 
Ao todo, a investigação portuguesa envolveu 125 mães, pais e outros cuidadores (nomeadamente avós) de Coimbra e do Porto, indicados por pediatras, psicólogos e jardins-de-infância e que procuraram seguir as indicações deste programa, que favorece uma educação “positiva”.
 
Desenvolvido há várias décadas nos EUA e implementado em vários países do mundo – no Reino Unido, na grande maioria dos países nórdicos e até na China, na Palestina e na Nova Zelândia – este programa “não tem fórumulas mágicas para uma família feliz, mas ajuda muito”, garante Maria Filomena Gaspar, uma das coordenadoras do estudo iniciado em 2010 e cujos resultados são agora dados a conhecer.
 
De acordo com a investigadora, trata-se de “um guia que oferece aos pais um conjunto alargado de competências para cuidar melhor das crianças com caraterísticas que se podem tornar desadaptativas” e que foi aplicado em Portugal depois de, entre 2003 e 2009, ter sido traduzido e adaptado à realidade portuguesa, além de aplicado voluntariamente na comunidade em grupos em situação social vulnerável. 

“Óculos cor-de-rosa” em detrimento da repreensão

 
A especialista em Psicologia da Educação explica que, apostando na técnica da “pirâmide invertida”, bem conhecida do jornalismo, em vez de seguir pela via da repreensão e do castigo, estes pais “colocam óculos cor-de-rosa e assumem-se como 'detetives do bom comportamento'”.
 
Tal significa, portanto, que treinam “competências como elogiar os filhos, brincar alguns minutos com eles, recompensar a criança, estabelecer regras e limites com calma e mesmo ignorar alguns dos comportamentos negativos porque uma birra não faz mal a ninguém”, exemplifica Maria Filomena Gaspar. 
 
Os primeiros resultados do estudo português, que incluiu 14 semanas de trabalho intensivo com cada um dos grupos de pais, revelam que o programa é eficaz em Portugal, tendo-se registado a redução de sintomatologias de hiperatividade, défice de atenção, oposição e desafio, bem como agressividade e impulsividade, além de se observar um aumento das competências parentais. 

Programa também ajuda na prevenção de futuros desvios

 
Apesar de o estudo se ter focado na intervenção em famílias de crianças com diagnóstico clínico, a investigadora acredita, em comunicado enviado ao Boas Notícias, que o programa é igualmente essencial para atuar “ao nível da prevenção de futuros comportamentos desviantes”. 
 
“Todos os pais deveriam ter acesso gratuito ao programa nos centros de saúde, tal como têm acesso a vacinas, ou nos jardins-de-infância”, defende Maria Filomena Gaspar, que considera que, ao contrário de outros países, que “apostam na prevenção e intervenção baseada na evidência, Portugal investe na remediação e na medicação, seguindo uma política errada”. 
 
Maria Filomena Gaspar e Maria João Seabra Santos foram as primeiras investigadoras do país a dedicar-se ao estudo e implementação do programa “Os Anos Incríveis” em Portugal, com a colaboração da equipa que coordenam.
 
Estima-se que, atualmente, 6% a 15% das crianças apresentem sintomas clínicos de perturbações de comportamento, mas, em situação de risco social, esta percentagem aumenta significativamente, podendo mesmo atingir os 35%.

Clique AQUI para aceder ao site do programa “The Incredible Years” e para saber mais sobre este projeto (em inglês).

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