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Cultura lusitana influenciou toda Europa há 5.000 anos

Há 5.000 anos, as inovações ibéricas, sobretudo lusitanas, marcaram de forma drástica a Europa. O investigador Pedro Soares, da Universidade do Minho, está a confirmar esta teoria com um projeto que envolve, até 2019, parcerias com especialistas inte
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Há 5.000 anos, as inovações ibéricas, sobretudo lusitanas, terão marcado de forma drástica a Europa. O investigador Pedro Soares, da Universidade do Minho, está a confirmar esta teoria com um projeto que envolve, até 2019, parcerias com arqueólogos, antropólogos, linguistas e geneticistas de Inglaterra, Itália e Espanha.

O estudo poderá assim demonstrar que não foi apenas nos Descobrimentos que os ibéricos influenciaram o mundo. “No final da Pré-História surgiu na Estremadura portuguesa a cultura campaniforme, associada a vasos com a forma de sino invertido (foto abaixo), novos objetos, técnicas avançadas e comércio à distância", refere Pedro Soares num comunicado enviado ao Boas Notícias. 

"Este povo terá protagonizado uma onda de migração para o resto da Europa, influenciando-a significativamente no seu desenvolvimento económico, social e cultural. Estaríamos na altura a exportar inovações para zonas como a atual Alemanha. Hoje verifica-se provavelmente o inverso”, exemplifica. 

 
O projeto de Pedro Soares, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, centra-se na comparação de populações, através do ADN mitocondrial.

Este pequeno anel de material genético está fora do núcleo celular, nas mitocôndrias, e é transmitido pelas mães às filhas e filhos, permitindo assim remontar às mães ancestrais de dada população.

Pedro Soares vai avaliar linhagens encontradas em ossadas e restos arqueológicos de há 4.000, 5.000 anos e ver ligações entre populações ibéricas e as da Europa central, britânica, de leste e mediterrânica. “Não se sabe ainda a motivação dessa migração ibérica, mas a influência que teve na cultura europeia tem reunido consenso entre cientistas”, frisa o investigador.


População do estuário do tejo foi líder em inovação
 
A cultura campaniforme terá nascido na região do estuário do Tejo, a crer nos vestígios de inícios da Idade do Cobre encontrados nos castros de Zambujal (Torres Vedras), São Pedro (Azambuja) ou Chibanes (Palmela).

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Mapa dos lugares onde foram encontrados objetos da cultura do vaso campaniforme © R. J. Harrison (UK)


O fenómeno coincidiu com inovações como a prática da agricultura, a invenção da roda, o uso da força animal para transporte e a domesticação de animais, como o cavalo, alargando as trocas comerciais (chegou marfim à Estremadura, por exemplo).

Os vasos e copos campaniformes, por vezes decorados, foram sobretudo achados em contexto funerário, a par de objetos como punhais de cobre, proteções de braço dos arqueiros e botões em “V” perfurados.


Artigos de Pedro Soares citados 2.000 vezes
 
Pedro Soares nasceu em Amares há 35 anos e está há dois anos na UMinho, como cientista do CBMA e do Instituto para a Biossustentabilidade (IB-S) e professor convidado da Escola de Ciências.

O geneticista fez a licenciatura em Biologia na Universidade do Porto e o doutoramento e pós-doutoramento em Genética Humana na Universidade de Leeds (Reino Unido), respetivamente com bolsas Marie Curie e da British Academy, e pós-doutoramento no IPATIMUP. Dedica estudos à Europa, África, Ásia e Pacífico, tendo os seus artigos científicos sido citados quase duas mil vezes nos últimos cinco anos.

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